Como usar vídeo para gerar mais vendas online
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O vídeo é o melhor formato que temos disponível para contar histórias
Através da imagem em movimento, do som e da edição, o vídeo permite-nos estabelecer uma poderosa ligação emocional com o público-alvo, mais do que qualquer outro formato de conteúdo. Mas será que o vídeo também nos pode ajudar a aumentar as vendas?
Atualmente, mais de um terço de toda a atividade online inclui ver vídeos, mas de acordo com a Google, em 2019 cerca de 91% de todo o tráfego na internet será vídeo. O próprio fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, já afirmou que “o vídeo é uma mega tendência, quase tão grande quanto o mobile.” As duas tendências juntas ficam ainda mais poderosas já que 70% dos utilizadores de smartphones têm mais tendência para comprar a empresas que têm nos seus sites mobile ou nas suas aplicações conteúdo em vídeo.
O vídeo online tem algumas particularidades que se revelam oportunidades para as marcas que incluem vídeo na sua estratégia. O utilizador tem bastantes formas de interagir com o vídeo online: pode gostar, comentar, clicar em links ou partilhar – e cerca de 92% dos consumidores de vídeos online partilham esses vídeos através das suas redes sociais ou grupos de chat.
Para além disso, os vídeos online são vistos quando, como e quantas vezes o utilizador quiser, os utilizadores procuram vídeos mediante as suas necessidades e usam cada vez mais o vídeo online como fonte primária de informação.
Para isto muito contribui o YouTube, que é o terceiro website mais visitado do mundo, ficando apenas atrás do Google e do Facebook, e que há bastante tempo já se afirmou como o segundo maior motor de busca. Desta forma, os vídeos carregados no YouTube são cada vez mais importantes na estratégia de SEO das marcas.
No entanto, mais de 300 horas de vídeo são carregadas no YouTube a cada minuto…
O que podemos fazer para o nosso vídeo se destacar?
Primeiro temos que conhecer as respostas à questão “porque é que as pessoas vêem vídeos no YouTube?” De acordo com a plataforma:
- 53% para inspiração ou entretenimento
- 70% para aprender
- 70% procuram instruções
- 67% para decidirem o que comprar
De seguida, temos de nos voltar para a nossa audiência, composta pelos nossos clientes e pelos nossos seguidores. Temos de a conhecer bem e saber o que é que inspira a nossa audiência e o que precisam de aprender, para que consigamos incorporar a resposta a estas necessidades nos vídeos da nossa marca.
Para garantirmos que os nossos vídeos causam impacto na nossa audiência, quais são os ingredientes que devemos incluir sempre que possível?
Conhecimento: o vídeo permite condensar em pouco tempo muita informação sobre os nossos produtos ou serviços, como funcionam e quais os seus benefícios. E as pessoas querem aprender!
Inspiração: a história da marca, dos seus colaboradores, dos seus clientes (e que devemos deixar transparecer em cada vídeo) é o que vai inspirar as pessoas a agir e a tomar uma decisão de compra.
Humor: o conteúdo humorístico e que entretém a audiência é sem dúvida o mais partilhado e aquele que as pessoas mais recordam com o passar do tempo.
Como juntar conhecimento e entretenimento?
A Blendtec é um dos exemplos clássicos no que diz respeito à utilização do vídeo para aumentar as vendas. Sendo que o produto que a Blendtec vende são liquidificadoras, eu pergunto várias vezes nas minhas aulas que tipo de conteúdo em vídeo é que, na opinião dos formandos, a marca poderia fazer para se destacar e aumentar as suas vendas.
Invariavelmente as respostas dos formandos focam-se em bebidas saudáveis, batidos, sumos, sopas, isto é, a Blendtec deveria demonstrar o seu produto através de um conjunto de receitas práticas, divertidas e saborosas (e que também faz). Mas se pensarmos bem, será que esta estratégia seria assim tão diferenciadora do que já é feito por tantas outras marcas?
O que a Blendtec conseguiu alcançar foi fruto de ir buscar conhecimento aos seus próprios colaboradores, pois a rubrica “Will it blend?” foi inspirada na forma como os funcionários da fábrica testavam a eficiência das lâminas e dos motores das liquidificadoras com pedaços de madeira. Os vídeos “Will it blend?” fazem uma demonstração do produto e da sua qualidade (ou seja, não descuidaram os objetivos de negócio), no entanto adicionam uma componente de entretenimento que tornou estes vídeos de qualidade quase caseira em autênticos fenómenos de visualizações.
Por exemplo, o vídeo onde se liquidifica um iPad tem mais de 18 milhões de visualizações, o vídeo onde se compara a liquidificação de um iPhone 5 com um Samsung Galaxy S3 tem quase 9 milhões de visualizações, apenas para mencionar dois exemplos.
Ao longo dos anos, a Blendtec já liquidificou bolas de golfe, berlindes, vários jogos de computador, o Apple Watch e até mesmo o “Justin Bieber”. A resposta à pergunta “Will it blend?” é invariavelmente “Yes, it blends!”, demonstrando a qualidade dos produtos da marca. Atualmente o canal de YouTube da Blendtec tem mais de 901 000 subscritores e já soma mais de 283 112 821 visualizações.
O que podemos aprender com os vídeos da Blendtec?
- Os colaboradores da empresa têm muito conhecimento acumulado, nas mais variadas áreas. As melhores ideias para os vídeos podem surgir da identificação e organização do conhecimento produzido pela empresa. É fundamental falar com os funcionários mais antigos, com o departamento de vendas, com o departamento de apoio ao cliente, entre outros.
- É importante permanecer autêntico. Os vídeos mantiveram o seu look & feel caseiro, recorrendo a colaboradores reais da empresa e não a atores.
- Envolver a audiência e os clientes no processo. A Blendtec perguntava sempre o que é que as pessoas queriam ver liquidificado a seguir e as pessoas adoram dar a sua opinião.
Pro tip: As pessoas adoram rituais e consistência. Existe algum elemento que possa sempre fazer parte do vídeo, no início ou no final?
Como juntar inspiração e conhecimento?
A HP lançou este ano uma mini série no YouTube chamada “The Wolf”. Esta é uma mini série sobre segurança cibernética produzida pela HP Studios com Christian Slater no papel do “The Wolf”, um hacker que passa por todas as barreiras de segurança digital de uma empresa graças às vulnerabilidades existentes nas impressoras e que a maioria das pessoas desconhece. A premissa para esta mini série é a de que as pessoas sabem que um hacker pode entrar num computador, mas não sabem que o mesmo se aplica a uma impressora e as impressoras também estão dentro da rede.
A HP de forma muito inteligente transformou uma personagem da série Mr. Robot na personagem principal de “The Wolf”, produzindo um conteúdo personalizado para um público que toma decisões de segurança, decisões essas que são extremamente importantes dentro de uma empresa. O objetivo desta mini série não é alarmar ninguém, mas sim educar sobre as ameaças da segurança cibernética de uma forma empolgante e também realista.
Esta campanha está alinhada com o público-alvo identificado pela HP, que são millennials mais velhos que gostam de jogar online e que poderiam gostar de uma série que fizesse uma ligação interessante com a série Mr. Robot. Em vez de optar por uma comunicação B2B, a HP arriscou numa campanha B2C baseando-se no facto de os millennials terem uma vida pessoal e profissional bastante interligada, ao invés de um comportamento diferente no trabalho e em casa. 4 em cada 5 millennials consideram ainda que o vídeo é útil durante a pesquisa inicial para uma decisão de compra.
O que podemos aprender com os vídeos da HP?
- Incluir a cultura popular é muito importante. Descobrir quais são os temas quentes para o nosso público-alvo e criar conteúdo em vídeo que tire partido disso de uma forma envolvente, inteligente e não forçada.
- É fundamental surpreender a audiência. Sabemos que as pessoas utilizam os vídeos para aprender constantemente e com esta campanha a HP ensina-nos algo surpreendente e muito importante.
- Um bom vídeo não fala sobre a empresa ou a marca, fala sobre as pessoas, os seus problemas, as suas dificuldades e vulnerabilidades – mesmo aquelas que elas não sabem que têm.
Pro tip: As pessoas não querem ver anúncios, querem ver conteúdo vídeo interessante, que mexa com elas e as faça sentir algo.
Como juntar entretenimento e inspiração?
A marca de cosméticos Dermablend Professional produziu um dos vídeos que considero que mais entretém, surpreende e educa, pecando apenas por revelar no título do vídeo qual será o desfecho.
O vídeo começa por mostrar um jovem aparentemente normal que se senta em frente da câmara e olha para a audiência (nós) com ar de desafio. Apenas quando ele começa a “remover a maquilhagem” (e coloquei entre aspas porque ninguém poderia imaginar que ele estava sequer maquilhado) é que nos apercebemos que se trata de Rick Genest, mais conhecido por Zombie Boy por ter todo o seu corpo coberto de tatuagens.
Desde este vídeo de visualizações épicas que tinha como mote “Go beyond the cover” que a Dermablend tem lançado vídeos alinhados com este tema, os “Camo Confessions” e mais recentemente os “Go Beyond the Surface”. Este conjunto de vídeos totaliza mais de 15 milhões de visualizações e 4 milhões de visualizações, respetivamente, sendo que alguns estão carregados no canal da marca e outros nos respetivos canais dos utilizadores.
Por outro lado, uns vídeos são filmados profissionalmente pela Dermablend em estúdio e outros de forma amadora nas casas das pessoas. Começamos sempre por ver as pessoas maquilhadas e com as suas imperfeições escondidas e só mais à frente nos vídeos é que nos é revelado o problema que cada pessoa enfrenta.
Esta estratégia da Dermablend está de acordo com as estatísticas da Google, que afirmam que 66% dos compradores de produtos de cosmética concordam que o YouTube é um dos melhores sites para os ajudar a visualizar como é que diferentes produtos se podem encaixar no seu estilo de vida. Qualquer pessoa que sofra de um problema de pele consegue comprovar com estes testemunhos em vídeo que o produto nos deixa ser vistos pelo mundo por aquilo que somos e não pelo nosso problema de pele.
O que podemos aprender com os vídeos da Dermablend?
- É uma boa estratégia começar pelo fim, ou pelo clímax, e depois ao longo do vídeo mostrar o processo de como chegamos até ao resultado final que foi revelado logo no início.
- A demonstração dos produtos é considerada muito útil pelos compradores online que estão a pesquisar para tomarem decisões de compra. O truque é não produzirmos demonstrações de produtos consideradas “convencionais”, onde literalmente pegamos no produtos e mostramos como se usa. Quanto mais original for a nossa abordagem à demonstração dos produtos, melhor será a performance do nosso vídeo, pois estamos a criar algo criativo para um assunto que a audiência quer de facto consumir.
Em jeito de conclusão
Muitas empresas sentem que a sua área não é interessante nem excitante, logo não vale a pena perder tempo a criar conteúdos em vídeo, ou conteúdos criativos, mas se uma liquidificadora consegue fazê-lo, porque não nós?
O vídeo tornou possível às empresas apresentarem-se sem sequer mencionar o que fazem ou mesmo os produtos que estão a vender de forma óbvia ou promocional. A comunicação em vídeo foca-se na história, na ligação que a marca consegue estabelecer com a audiência e essa ligação poderá pesar no momento da compra.
Finalmente, nunca esquecer que a verdadeira fonte de inspiração para os nossos vídeos são as pessoas, tanto os nossos clientes atuais como os colaboradores. Quanto mais centrarmos o nosso conteúdo nas pessoas, melhores resultados vamos ter.
Mas será que o vídeo também nos pode ajudar a aumentar as vendas? Com certeza que sim.
Fontes para este artigo:
YouTube; Forbes; Search Engine Land; Quicksprout; Vidooly; Brandwatch; Think With Google e Econsultancy.