Podcast #6 Produção de Conteúdos para Ecommerce
“Temos quatro dimensões da nossa marca que estão presentes em todos os conteúdos que produzimos : a funcional, a estética, a emocional e a social. O principal desafio é criar todo o conteúdo comunicando sempre estas dimensões, em todos os formatos necessários para as plataformas digitais (fotografia, vídeo ou texto), e fazê-lo diariamente!”
— Ricardo Oliveira, Lemon Jelly
Nesta edição do Podcast Tudo sobre eCommerce estivemos na Procalçado à conversa sobre produção de conteúdos para ecommerce.
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Questões
- Breve apresentação da Lemon Jelly. [01:39]
- Para darmos uma primeira noção a quem nos ouve sobre a “luta” que é a produção de conteúdos para ecommerce, podes descrever-nos em que consiste essa tarefa na Lemon Jelly? [10:35]
- Quantas pessoas da equipa (internas ou externas) são necessárias para levar a cabo esta tarefa? [16:05]
- Consideras que os conteúdos são fundamentais para a conversão em ecommerce? Consegues dar-nos algum exemplo? [18:45]
- Os fãs e seguidores da vossa marca também produzem e partilham conteúdos? Como é que vocês tiram partido desse “user generated content”? [20:05]
- Queres falar-nos sobre alguma campanha que tenha trazido bons resultados para as vendas online da marca, e como foi feita a produção e distribuição desses conteúdos? [21:20]
- Os conteúdos que contam uma história ajudam no caminho até à conversão? [23:15]
- Quais pensas que vão ser as principais tendências em termos de conteúdos para ecommerce nos próximos tempos? [25:20]
- A teu ver, quais são os principais desafios que as marcas que vendem online enfrentam atualmente? [28:45]
- Que dois ou três “quick wins” poderias dar aos nossos ouvintes para implementar rapidamente e poderem melhorar a sua loja online? [30:21]
- Para finalizar, a todos aqueles que vão começar um projeto de ecommerce, ao que devem dar mais importância quando estiverem a planear a sua produção de conteúdos para ecommerce? [32:07]
Transcrição do podcast
Sónia Costa: Bem vindos ao podcast Tudo sobre eCommerce
Para quem ainda não conhece o Tudo sobre eCommerce é o acelerador de projectos de ecommerce em Portugal. Foca-se em ensinar tudo o que existe sobre o mercado das vendas online e direcciona-se a empreendedores que pretendem criar ou desenvolver um projecto de ecommerce de raiz. O Tudo sobre eCommerce é desenvolvido por uma equipa de profissionais de ecommerce que se juntaram com o objectivo de tornar o mercado português numa referência em projectos de comércio electrónico.
Nesta edição do podcast Tudo Sobre eCommerce vamos falar sobre produção de conteúdos para ecommerce. Sabia que de acordo com o Content Marketing Institute, o marketing de conteúdos é uma abordagem estratégica ao marketing focada em criar e distribuir conteúdo valioso relevante e consistente para atrair e reter uma audiência claramente definida e em última análise desencadear uma acção por parte do consumidor? O conteúdo próprio que a marca produz tem como objectivo atrair e mover as suas personas através de cada etapa da jornada do consumidor ao longo do funil de conversão. Dessa forma o marketing de conteúdos ajuda-o a atrair e a converter os utilizadores em clientes e os clientes compradores fidelizados. Pela nossa experiência sabemos que quando se inicia um projecto de ecommerce normalmente não se tem total consciência da quantidade de conteúdos que são necessários produzir tanto para alimentar a loja online em si como toda a comunicação digital em torno do seu lançamento e crescimento. Assim para falar sobre produção de conteúdos para ecommerce temos connosco o Ricardo Oliveira que é o Brand Manager da Lemon Jelly. Olá Ricardo obrigada por ter aceite o nosso convite. Gostaríamos de começar por te pedir para fazer uma breve apresentação tua, o teu percurso nomeadamente na Lemon Jelly.
Ricardo Oliveira: [00:01:43] Olá Sónia, antes de mais obrigado pelo convite que muito me obra e farei o meu melhor para partilhar com vocês aquilo que tem sido a nossa experiência na Lemon e a minha experiência nos últimos anos mais focada aqui nesta área da criação de conteúdo para o ecommerce e para toda a área digital que no fundo está tudo interligado. Assim como está interligado os restantes pilares do marketing e todo o marketing-mix de uma marca. Nada funciona por si só e tudo funciona de forma integrada, embora hajam marcas a surgir que se sustentam durante muitos anos focadas principalmente no marketing digital e nos canais digitais, nomeadamente na área de ecommerce, grande maioria delas mais tarde, ou mais cedo acaba por encontrar o seu percurso nos canais físicos e no mundo físico porque faz tudo parte da viagem e da experiência que damos aos nossos consumidores e todos estes canais são importantes para para contactar com eles. Eu aliás tenho um percurso profissional que veio muito do lado físico, eu comecei a trabalhar sempre no calçado curiosamente, trabalhei na Aerosoles durante vários anos. A minha formação base é em marketing no IPAM. Iniciei meu percurso profissional no departamento de marketing da Aerosoles e depois tive uma incursão na área comercial que muito me agradou, durante alguns anos em que fui responsável pelo departamento de franchising da marca, que me deu uma visão muito forte do que é o consumidor e da relação do consumidor com as marcas no retalho. O Retalho físico é um momento especial no processo de venda e é uma área gira em que eu gostei muito de trabalhar no retalho. Depois acabei por ter uma pequena incursão numa uma empresa de calçado profissional para aviação, que me abriu as portas da Procalçado, que é onde estou hoje. Começei pela marca Wock, que é uma marca de calçado profissional. Fui o responsável de marketing da wock e sub-manager da wock desde 2011. Acabamos por reestruturar todo o conceito de comunicação da marca. Pouco mais de um ano depois lançamos a Lemon Jelly. Dentro da empresa já se vivia uma grande paixão pela moda. A Procalçado é uma empresa com 45 anos, que ainda tem como core Business a produção de solas para calçado. Trabalhamos com algumas das principais marcas de moda do mundo como Tommy Hilfiger, Chanel, Prada… Para quem não sabe o desenho de um sapato começa na sola e os designers destas grandes casas passaram aqui algumas temporadas a trabalhar com os nossos designers, com os nossos produtores de desenho 3D para desenvolverem os desenhos das suas solas e começarem a dar corpo aos seus sapatos. A nossa equipa, em especial através do Dr. José Pinto que é o CEO da empresa foi desenvolvendo uma grande paixão pela moda e no final do ano de 2012, início de 2013 sentimos que estávamos preparados para dar esse passo e assim foi lançada a Lemon Jelly. O meu percurso na Lemon Jelly começa precisamente desde o primeiro dia, eu recordo-me naquele final de dia, mesmo antes de ir-mos de férias de Natal, a seguir ao jantar de Natal, o Dr. Pinto confidenciar-me que estava mesmo a pensar lançar a marca Lemon Jelly, na altura não havia o nome, queria uma marca de moda e que achava que estava preparado para lançar uma marca de moda e perguntei se era já era já para março que nós tínhamos uma feiras já em março e ele disse-me que sim, que já era para março. Em três meses praticamente desenhamos uma coleção, montamos uma marca, desenhamos um logo, um conceito de stand, sabíamos mais ou menos o que queríamos e os valores que queríamos dar a esta marca, aliás alguns deles são transversais a todo o negócio. Toda a nossa preocupação com a qualidade dos produtos é transversal às três marcas, toda a nossa preocupação com inovação e em trazermos aos produtos em plástico um conjunto de técnicas de montagem inovadoras e de acabamentos inovadores, também é uma característica presente em todas as marcas da empresa, seja a marca ForEver solas, a Wock calçado profissional ou a Lemon Jelly, calçado moda. Isto é importante na criação da identidade das marcas porque é algo que vem de dentro e quando nós estamos a contar a nossa história, que é muito importante na criação do conteúdo ao longo dos anos, para que este conteúdo seja criado uma forma sustentada e que as pessoas percebam que é realmente verdadeiro, o que é cada vez mais importante no mercado competitivo de hoje. É importante também que estes valores venham de dentro e que isto seja natural e que se viva dentro das organizações. Este processo de criação da Lemon surgiu também de forma natural. Então em 2013 apresentamos a marca na Micam, acho que foi uma pedrada no charco, acho que já não via nada assim, foi um conceito novo, jovem, fresco, uma marca de calçado plástico que nunca tinha sido encarado antes. Calçado de plástico nunca tinha sido visto desta forma, com potencial para criar uma marca de moda. E daí nós termos encontrado esta área de negócio, que vem dentro daquilo que nós fazemos, dentro do nosso know-how de 45 anos em que trabalhamos com polímeros e com injeção de polímeros. E de facto criamos uma coisa diferente. Às vezes o mais difícil não é criar uma coisa diferente, o mais difícil e fazê-lo de forma sustentada e crescermos ao longo de vários anos e mantermos esta oportunidade que encontramos no mercado, mantê-la relevante para o consumidor ao longo de vários anos e é isso que eu acho que é o mais difícil não é propriamente uma boa ideia. Temos vindo a crescer bastante. Uma estratégia de crescimento que foi claramente assente na distribuição por grosso, através dos canais físicos, foi por aqui que nós decidimos inicialmente apostar estrategicamente a distribuição da marca, mas tendo sempre desde o primeiro dia em que a marca chegou ao público que assumiu logo a sua presença nos canais digitais que hoje em dia não podia deixar de ser e o ecommerce foi gradualmente ganhando importância por variadíssimas razões. Uma delas é que é cada vez mais difícil uma marca mostrar todas as suas componentes, sejam elas criativas, sejam elas emocionais, ou estéticas, através dos canais tradicionais de distribuição. Quando distribuímos uma marca por lojas tradicionais, sejam elas lojas posicionamento, department stores, lojas tradicionais de calçado multi-marca, nós competimos. As marcas acabam por competir como commodities. Temos o produto exposto ao lado uns dos outros. Tradicionalmente as lojas multi-marca não têm vindo a conseguir adaptar-se aos dias de hoje. Têm vindo a sofrer algumas dificuldades a tornarem-se relevantes para o mercado. Uma marca que não tenha uma forte presença online tem uma grande dificuldade em se apresentar de forma diferenciadora aos seus clientes. Aqui, o marketing digital veio dar às marcas uma nova ferramenta para elas se apresentarem em todo o seu esplendor aos seus consumidores e explicar-lhes porque é que são efectivamente diferentes, onde são diferentes, porque é que nos devem comprar a nós em vez de comprarem os outros. Aqui a criação de conteúdos torna-se essencial neste processo e nesta viagem.
Sónia Costa: [00:10:12] Sem dúvida que concordo plenamente que fazer se calhar aquele buzz inicial ou aquela pedrada no charco, pode até ser relativamente fácil, mas depois obviamente uma marca tem de viver ao longo do tempo e tem que ter o seu crescimento de forma sustentada e bem planeada e bem pensada. Para começarmos a dar uma noção a quem nos está a ouvir sobre a luta que é a produção de conteúdos para ecommerce, podes descrever brevemente em que consiste, por exemplo, essa tarefa na Lemon Jelly?
Ricardo Oliveira: [00:10:47] É de facto algo bastante complexo e é de facto um trabalho muito grande. É quase uma tarefa interminável. Primeiro porque as redes sociais e todos os canais digitais, mas principalmente as redes sociais são vorazes e muitas vezes os conteúdos tornam-se obsoletos em segundos ou minutos porque desaparecem nos feeds e torna-se muito difícil manter este ritmo das redes. As redes sociais acabam por ser uma ferramenta importantíssima que acaba por democratizar e dar ferramentas a qualquer marca de se apresentar a um conjunto de consumidores, ou um segmento de consumidores que antigamente não tinham. Antigamente era completamente impossível uma marca que se lançasse agora, apresentar-se a um consumidor explicando todas as suas características, explicando as causas que defende. Todas estes outros lados mais emocionais e mais sociais das marcas antigamente só através de canais tradicionais que não estavam ao alcance de quase nenhuma marca que se lançava. Portanto, tem este lado bom, mas também tem um lado voraz e que nos faz correr a uma velocidade enorme para conseguirmos alimentar estas redes com conteúdo seja relevante como dizia há pouco, que é essencial para os nossos consumidores. Nós procuramos criar conteúdo para a marca em várias dimensões, seja numa dimensão funcional, porque o nosso produto é também um produto funcional, que tem uma caraterística funcional muito forte, somos o melhor produto do mundo para lidar com a água, seja no verão, ou no inverno e este lado de interação com a água é algo funcional do nosso produto e que nós fazemos questão de comunicar constantemente, assim como todas as características do nosso produto mais técnicas e que o diferenciam, como as palmilhas anti transpiração que nós temos e de secagem rápida que são fatores também de diferenciação e este lado funcional é essencial de descrever também os nossos conteúdos. Temos também o lado estético da marca em que temos preocupação em transmitir o design. Também é um elemento full-core da estratégia da Lemon Jelly e também acaba por ser core em todas as outras marcas que nós temos na organização. Depois também temos um lado muito mais emocional e eu diria que a Lemon Jelly é uma marca muito emocional. Toda a diversão e irreverência da marca tem que estar presente nos conteúdos que nós criamos e nós procuramos que assim seja. Nós diferenciamos um bocadinho em termos de conceito de marca também por este lado emocional que a Lemon Jelly tem, que um lado emocional muito autêntico e isso também é outro dos desafios que nós temos em introduzi-lo em todos os conteúdos que criamos. Temos também o lado social da marca e da empresa que também nos esforçamos por abranger nos conteúdos que criamos. São três hemisférios importantes que nós temos constantemente em consideração cada vez que estamos a balancear o conteúdo que criamos para a Lemon Jelly. Isto tem que estar presente em todos os conteúdos, sejam eles de imagem, vídeo e texto. Temos várias sessões fotográficas de campanha que fazemos todas as estações. Temos várias fotografias de produto que criamos também para nos ajudar a apresentar a marca através dos canais de marketing digital dos canais marketing físico. O conteúdo do texto é também essencial, seja para newsletters, para as descrições do produto que são essenciais num negócio de ecommerce, mas também todo o copy para social mídia, para áreas institucionais do site, para press releases, para a imprensa escrita e televisão. Portanto é um conjunto de conteúdos vasto e que tem que ser criado diariamente.
Sónia Costa: [00:15:18] Concordo, estava até agora nesta semana a estudar o crescente aumento para além do que estavas a dizer, do tipo de conteúdos efémores não é, que nós falamos muito, os lives, os instastories, snapchat, por isso, não só estamos a ter esse trabalho de produção de conteúdos já para umas plataformas que depois se perde no news feed, como ainda agora o próprio conteúdo é efémero. Por isso nem que vá atrás no tempo, são coisas que já são mesmo feitas e planeadas para desaparecer ao fim de 24 horas. É realmente uma luta porque penso que para marcas é um grande desafio. No seguimento do que estávamos a falar eu também não sei se nos poderias falar um pouquinho mais do tipo de conteúdos e quantas plataformas vocês têm para alimentar e ao mesmo tempo em termos de recursos humanos, porque também sei que isso é uma luta das empresas em termos de recursos humanos quantas pessoas da equipa, quer seja interna, quer seja externa, que no fundo também precisamos para fazer esta máquina trabalhar?
Ricardo Oliveira: [00:16:23] De facto nós temos uma equipa pequena de pessoas com uma capacidade de trabalho incrível e com uma paixão incrível. Sou um afortunado pela equipa que tenho à minha volta. Nós somos aproximadamente internamente dedicados a esta área de ecommerce, ou não a cem por cento, porque como disse, temos funções que são mais direccionadas essencialmente para o ecommerce como o marketing digital, em que temos uma pessoa dedicada, temos outra pessoa de customer serviçe totalmente dedicada ao ecommerce e depois temos pessoas que são mais transversais e torna-se difícil quantificar, mas eu posso dizer que trabalhamos também com uma responsável criativa transversal a todas as marcas, uma designer só para a Lemon Jelly e que estas são as pessoas que no seu core trabalham aqui internamente, mais direccionadas para a área de ecommerce. Temos também a marketing manager da Lemon Jelly que dá um um apoio muito grande na criação de conteúdo, nomeadamente conteúdo escrito para as redes e para todas as outras ferramentas que utilizamos de marketing digital e Marketing físico. Torna-se difícil traçar a linha em quem está no ecommerce e quem não está. Somos todos a ajudar como qualquer start-up que se preze, acho que temos que ter esta capacidade. Mas de facto, depois trabalhamos com um conjunto de pessoas externas em todas as campanhas que criamos e na última campanha tínhamos mais de 10 pessoas certamente a trabalhar no desenvolvimento do shooting da sessão fotográfica, porque todo este processo é um processo moroso e exige muito das pessoas e exige muito das empresas para se conseguir efectivamente criar conteúdo que seja relevante e que se enquadre com a marca e que seja esteticamente atraente e tudo isto de facto exige muito de nós.
Sónia Costa: [00:18:33] Sim sem dúvida, ou seja, fazer estes conteúdos não é só fazer uns posts ou enviar os emails, tem que haver todo um planeamento e também acrescentava à lista estavas a dizer, que haja uma ajuda na conversão ou seja, consideras que os conteúdos são fundamentais para a conversão em ecommerce? Porque no fundo um ecommerce é uma loja online que pretende vender online. Não sei se consegues algum exemplo mais concreto disso.
Ricardo Oliveira: [00:19:01] Consigo, eu acho que é sem dúvida essencial para a conversão. Nós temos por exemplo uma clara noção de que boas imagens de produto convertem muito melhor do que imagens de produto que não consigam transmitir ao consumidor o valor do produto e as caraterísticas do produto que têm à sua frente. Portanto se me pedirem um ponto é essencial na criação de um site de ecommerce, eu diria que as imagens do produto são um dos pontos fulcrais para a conversão. Porque se a imagem não conseguir transmitir todo o valor ao consumidor, ele não vai conseguir apaixonar-se pelo produto que tem à sua frente. E isto é essencial na conversão naturalmente, mas também os textos para descrever os produtos são essenciais e devem ser claros, simples e que transmitam informação que o consumidor necessita no momento em que está prestes a adicionar o produto ao carrinho. Todas estas informações são essenciais para o ecommerce.
Sónia Costa: [00:20:07] Estávamos a falar há bocadinho da Lemon Jelly que tem um bom design, tem história, é uma marca de moda e acredito que isso suscita aos seus fãs e seguidores produzir e também partilhar alguns conteúdos. Como é que vocês tiram partido desses conteúdos criados pelos vossos fãs seguidores e clientes?
Ricardo Oliveira: [00:20:30] Sempre que possível partilhamos esses conteúdos nas nossas redes sociais. Temos tido uma grande aceitação no mundo digital da nossa marca, seja em Portugal, seja lá fora, tanto de consumidores nossos como de influenciadores que também utilizam os nossos produtos e que durante muito tempo vão fazendo partilha de fotografias deles com nossos produtos e nós sempre que possível utilizamos essas imagens nas nossas redes sociais. Achamos que não há nada melhor do que um consumidor satisfeito fazer um post do nosso produto para mostrar que efectivamente os nossos produtos têm valor e que as pessoas se reveem nisso e que gostam dos produtos. Acho que essa é a nossa melhor forma de comunicar os nossos produtos.
Sónia Costa: [00:21:19] Não sei se no seguimento do que nos estás a dizer, se nos queres falar sobre por exemplo, alguma campanha que tenha trazido bons resultados para as vendas online e como foi feita a produção e distribuição desses conteúdos.
Ricardo Oliveira: [00:21:30] Eu posso dar um exemplo que de certa forma me surpreendeu que foi algumas campanhas que nós fizemos nas redes sociais, em vez de levarmos o nosso consumidor directamente para a página de produto, levamos o consumidor para a página dos icónicos que nós temos no nosso site, onde nós apresentamos o porquê de termos desenhado aquele modelo. Isto trouxe resultados fantásticos, converteu mais durante este período da campanha, do que as campanhas estavam a levar para a página de detalhe do produto. Na página dos icónicos nós conseguimos mostrar aos nossos consumidores porque é que aquele modelo em si, ou aquela linha em si é especial. De onde é que ela veio, na Lemon Jelly, uma das nossas principais promessas no desenvolvimento produto é reinterpretação dos icónicos modelos de calçado e pele, imortalizando-os em plástico. E nós nesta pasta dos icónicos explicamos porque é que seleccionamos aquele modelo, de onde aquele modelo vem, há quantos anos é que foi criado pela primeira vez… Isto apaixonou de certa forma os consumidores que clicaram na rede social, no post entraram numa página onde lhes foi apresentado o produto, toda a história de porque é que foi escolhido, de onde é que vem, quem é que já usou e isto ajudou as pessoas a apaixonar-se e a perceberem melhor o que nos leva, o que nos move e porque é que foi aquele produto que foi seleccionado para ser reinterpretado e imortalizado pela Lemon e não foi um outro qualquer. Isto ajudou-nos imenso na conversão.
Sónia Costa: [00:23:11] Sem dúvida. Eu também já andei a navegar pelo site e vi que vocês têm os icónicos, têm tamanhos imprevisíveis, por isso no fundo os conteúdos acabam por ajudar a contar uma história que leva até à venda. Muitas vezes as empresas pensam que para vender precisa de fazer uns posts com conteúdos de vendas, mas se calhar concordas que vale a pena às vezes educar, ensinar e entusiasmar o público com uma história sobretudo quando se calhar eles não nos conhecem. Vale a pena começar por aí talvez?
Ricardo Oliveira: [00:23:42] Sim, cada vez mais para o mundo tem vindo a evoluir de uma forma muito rápida. Mas cada vez mais as pessoas querem comprar coisas pelas quais se sentem apaixonadas. E nós nesse sentido temos que mostrar às pessoas que nós estamos apaixonados por aquilo que estamos a fazer. Ainda no outro dia uma mãe de uma amiga do meu filho, que tem uma filha mais velha me perguntava que a filha estava a pensar ir para marketing e se achava se ela devia de estudar marketing. Eu respondi que ela deve estudar aquilo que realmente gosta de fazer porque se tu realmente gostares de Marketing vais ser boa a fazer marketing, mas se gostares de arquitetura vais ser boa a arquitetura. Porque nós hoje temos de nos dedicar a mil por cento a qualquer atividade que escolhemos e, portanto, isto transpõe-se para a criação de conteúdo, porque se nós gostarmos efetivamente da marca que estamos a trabalhar, se nos revemos nos produtos que estamos a fazer, as histórias que contamos, são histórias verdadeiras. São nossas, somos nós que estamos ali e os consumidores percebem isso e como consumidor acho que existem dezenas de botas de plástico, existem umas com mais qualidade, outras com menos qualidade, mas já não é só qualidade que nos faz comprar. É uma ligação emocional às pessoas e nós vamos conseguir fazer isso se contarmos uma boa história e uma boa história só vai ser boa se for verdadeira. Porque se não for verdadeira mais tarde ou mais cedo ao longo dos anos o consumidor vai-se aperceber desse percurso. Portanto nós temos que criar aquilo que realmente gostamos e que nos move e criar histórias que apaixonem as pessoas. Só assim é que vamos conseguir fazer com que os consumidores efectivamente se tornem fiéis às marcas e que fiquem nas marcas o máximo de tempo possível sabendo que isto hoje é cada vez mais difícil.
Sónia Costa: [00:25:46] Então, o que é que tu acreditas que serão as principais tendências em termos de conteúdos para ecommerce nos próximos tempos? Em que é que será que as marcas vão ter que se concentrar a produzir e criar agora nos anos que aí vêm. Se bem que isto são sempre futurologias, mas aquilo que se calhar gostarias que as marcas apostassem, ou que o teu trabalho pudesse ser nomeadamente na Lemon Jelly?
Ricardo Oliveira: [00:26:15] De Facto tudo isso se chama falarmos numa futurologia. Hoje em dia é muito difícil avaliar porque as tecnologias ajudam a aparecer novas formas de fazer as mesmas coisas que fazíamos há algum tempo atrás e eu acredito que as principais tendências vão no sentido de criar experiências aos consumidores mais envolventes, mais verdadeiras, mais autênticas e mais transparentes. Vamos continuar a sentir as marcas caminharem no que diz respeito ao marketing digital mais concretamente para o Long Tail de influenciadores, influenciadores mais pequenos., Aliás há várias ferramentas a aparecer agora no mercado que nos facilitam a interação com grande número de influenciadores que são muito mais autênticos do que grandes influenciadores que atingem uma audiência muito maior, mas que acabam por estar muito mais mercantilizados e que se torna como engagement muito inferior até ao engagement que acontece em influenciadores dos mais pequenos. Portanto acho que a procura pelo autêntico vai ser algo que vai continuar a crescer ao longo dos próximos anos. E acho também que outras tecnologias como a realidade virtual e a aumentada que já apareceram e nos próximos anos eu acho que vão começar a aparecer muito mais formas de as utilizar, muito mais próximas dos consumidores. Hoje em dia quase com qualquer telemóvel já conseguimos criar experiências de realidade virtual e vai-se tornar muito mais banal e esta banalização destas ferramentas vai ajudar os marketeers e os consumidores a ter experiências muito mais imersivas no mundo das marcas e eu acho que é por aí que a criação de conteúdo vai continuar a criar experiências muito mais intensas aos consumidores e talvez mais transdisciplinar, isto é, vai-se fundir muito mais o mundo físico com o mundo com o mundo virtual como é o caso da realidade aumentada. Nos próximos anos evoluir a criação de conteúdos.
Sónia Costa: [00:28:33] Ao falarmos deste tema realmente começamos a perceber de facto que a produção de conteúdos já é exigente. Se calhar com essas coisas que vão agora ainda aparecer ou amadurecer, vai-se tornar ainda mais exigente. Pelo lado dos desafios, uma marca que lá está o seu core business é o calçado, vai ter de ser também um produtor de conteúdos geral para fazer face a essas necessidades, por isso quais poderão ser os principais desafios que essas transformações vão obrigar as marcas a ultrapassar?
Ricardo Oliveira: [00:29:04] Eu acho que de facto a velocidade é sem dúvida um dos principais desafios que as marcas vão enfrentar daqui para a frente. Conseguirem acompanhar a velocidade da necessidade de criação de conteúdos que existe hoje em dia. Mas eu continuo a achar que nós temos que olhar para o digital como uma ferramenta. E as marcas vão ter na mesma as outras ferramentas todas para utilizar e vão ter que estar presentes no mundo físico. Temos que trabalhar este mix de uma forma bastante homogénea e criando uma experiência ao consumidor em todos estes eixos de comunicação e nesse sentido ver se vai ser de facto um desafio quando todas as tecnologias se tornarem muito mais valorizadas vai ser ser um desafio mas é isso que nós somos e de que a raça humana sempre foi feita e os responsáveis de marketing têm que se adaptar a estas novas realidades e com certeza continuar a surgir oportunidades.
Sónia Costa: [00:29:16] Os desafios são bons para nós, quer dizer que vamos continuar a poder fazer coisas muito interessantes. Estava aqui a pensar se nos poderias por exemplo, sugerir uns quick wins que alguma loja online, alguma empresa possa adaptar rapidamente para dar um salto qualitativo na produção de conteúdos. Uma ou duas coisas fáceis de implementar e que já penses que possam fazer a diferença nessa produção de conteúdos.
Ricardo: [00:29:46] Eu acho que em primeiro lugar, qualquer empresa que tenha um negócio online tem que saber muito bem a sua aposta valor, aquilo que oferece ao seu consumidor e com base nisso despir qualquer website de tudo o que seja informação inútil e que só cria ruído ao caminho que nós queremos que o consumidor trace dentro da nossa loja. Depois disso alguns factores muito importantes para mim é a fácil na navegação dentro do site, qualquer consumidor tem de perceber por onde é que entra, onde é que está, para onde vai e como regressa atrás para as voltar a ter uma opção de escolha. Todo este percurso de navegação dentro do site tem que ser muito simples. Tem que ter boas imagens, com boa iluminação, com muito boa qualidade de imagem.Tem que ter também textos descritivos dos produtos simples e claros, que ajudem o consumidor a perceber o produto no momento em que vão surgir as dúvidas. Isto para mim são três ou quatro pontos que já podem fazer uma diferença tremenda na conversão e na evolução do ecommerce.
Sónia Costa: [00:31:06] Para finalizar o nosso podcast, a todos aqueles que vão começar um projecto de ecommerce, que penso que serão as marcas com mais dificuldade em visualizar as necessidades que vão ter, portanto, para quem está a começar o que devem dar mais importância quando estão a planear os conteúdos que têm que produzir para a sua loja amanhã?
Ricardo: [00:31:30] O meu ponto de vista, seja um projeto de ecommerce, seja um projeto que siga um trajecto de distribuição mais tradicional, é importantíssimo que a marca perceba aquilo que vai oferecer ao seu consumidor, qual é a sua proposta de valor e para quem é que está a comunicar. E depois disto, criar uma história que seja realmente explicativa desta proposta de valor e daquilo que ele defende enquanto marca, enquanto instituição. Isto são os elementos essenciais para criarmos uma personalidade autêntica. Uma marca não é mais do que uma pessoa e se queremos realmente apaixonar por uma pessoa não queremos conhecer só a sua faceta profissional. Queremos conhecer ela como um todo seja a sua vertente emocional, seja os seus valores, aquilo que defende, aquilo que está por trás e uma marca é precisamente isto. E se nós fizermos isso de uma forma autêntica vamos conseguir transmitir isso ao nosso consumidor ao longo de vários anos, o que vai ser um elemento essencial à medida que novos concorrentes forem surgindo no mercado, oferecendo produtos com as mesmas funcionalidades que os nossos, mas nós já não somos uma commodity, nós somos algo mais do que isso. E essa história, essa é essa estrutura de marca que se cria desde o início mas que se consolida ao longo dos anos é o que as pessoas têm que se preocupar em criar quando lançarem um novo projecto de ecommerce, ou um projeto de marca novo.
Sónia Costa: [00:33:00] Parece me uma excelente recomendação para para terminarmos este podcast que chega então ao fim. Eu gostaria de agradecer ao Ricardo Oliveira por ter estado connosco a partilhar o seu conhecimento nesta área e estou certa que todos aqueles que nos estiveram a ouvir têmm muito para aprender com as suas partilhas, por isso, mais uma vez muito obrigada e muito obrigada também a todos os que estiveram desse lado a ouvir mais um Podcast Tudo sobre eCommerce, desta vez dedicado ao tema Produção de Conteúdos para Ecommerce. Não se esqueçam que poderão também ler o artigo no nosso blog sobre este tema em Tudo-Sobre-eCommerce.com/blog. Sigam-nos nas redes sociais Facebook, Linkedin, Instagram, escolham a vossa preferida e mantenham-se a par de todas as novidades do Tudo-Sobre-eCommerce. Por hoje é tudo e até à próxima.
Lemon Jelly
www.lemonjelly.com
Muito obrigada à Procalçado por nos receberem!
Leia mais sobre planeamento de conteúdos para o seu negócio online no nosso artigo Planeamento Anual de Conteúdos para a sua marca (com Template).
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