Podcast #5 Fotografia de Produto para Ecommerce
“Um fotógrafo que integre uma equipa de ecommerce deve ser alguém muito virado para o digital, que acompanhe tendências, que perceba sobre usabilidade de websites (e que conheça muitos websites diferentes e porque são feitos de determinada forma), que goste de criar experiências digitais e que saiba trabalhar em parceria com a equipa de design.”
— Ivo Tavares, its. your studio
Nesta edição do Podcast Tudo sobre eCommerce estivemos na Porto Business School falámos sobre fotografia de produto para ecommerce.
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Questões
- Breve apresentação da its. your studio. [01:15]
- O que é afinal a fotografia de produto e de que modo é importante para uma loja online? [03:19]
- Que fatores deve uma empresa ter em consideração quando quiser contratar um fotógrafo para fazer fotografia de produto? [05:54]
- Quais as principais competências que deve ter um fotógrafo que integre uma equipa de ecommerce? [09:28]
- É realista esperarmos que esse fotógrafo tenha também competências para fazer vídeo? [11:36]
- Para quem pretende ter um estúdio dentro de portas, que material é essencial? [13:09]
- A escolha da cor de fundo é importante na fotografia de produto? Porquê e o que devemos ter em conta? [16:52]
- Que posicionamento usar e quantas vistas de cada produto recomendam ter? [18:59]
- Que tipo de fotografias de produto existem? [24:12]
- Quando estamos a fotografar produtos, com que fatores devemos ter mais cuidado? [29:18]
- Queres partilhar com os nossos ouvintes algumas dicas de edição? [33:00]
- Para finalizar, a todos aqueles que vão começar um projeto de ecommerce, ao que devem dar mais atenção quando estiverem a planear as suas sessões fotográficas de produto? [35:31]
Transcrição do podcast
Sónia Costa: Bem vindos ao podcast Tudo sobre eCommerce
Para quem ainda não conhece o Tudo sobre eCommerce é o acelerador de projectos de ecommerce em Portugal. Foca-se em ensinar tudo o que existe sobre o mercado das vendas online e direcciona-se a empreendedores que pretendem criar ou desenvolver um projeto de ecommerce de raiz. O Tudo sobre eCommerce é desenvolvido por uma equipa de profissionais de ecommerce que se juntaram com o objectivo de tornar o mercado português numa referência em projectos de comércio electrónico.
Nesta edição do podcast Tudo sobre eCommerce, estamos na Porto Business School e vamos falar sobre fotografia de produto para ecommerce. Para nós a fotografia de produto é de grande importância num negócio de ecommerce. Numa venda online o cliente não tem outra forma de conhecer o produto senão através das fotografias que a loja disponibiliza. Uma boa imagem do produto permite comunicar as características do produto, mas também criar uma ligação, desejo que impulsiona a compra. A qualidade da fotografia de produto é assim muito importante. Quem se sente confortável a comprar numa loja online que apresente más fotografias? Assim para falar sobre fotografia de produto para ecommerce temos hoje connosco o Ivo e o Pedro da its. your studio. Ivo de modo aos nossos ouvintes perceberem a importância e o âmbito da fotografia de produto num projecto, podes fazer uma breve apresentação do its. your studio e dos seus serviços?
Ivo: [00:01:19] A its. your studio é uma empresa que surge em 2011 não só direccionada para a parte de ecommerce, nós passamos por várias fases da parte da fotografia, fizemos a parte corporativa das empresas vias institucionais e depois acabamos por nos direccionar também para aquilo que as empresas necessitam para comercializar aquilo que produzem e acabamos por entrar bocadinho na fotografia do produto. Neste momento posso dizer que mais de 60% do nosso negócio é a parte do produto. Focamo-nos nestes últimos dois anos na parte de produção e optimização de processos para que o ecommerce seja uma realidade dentro do nosso mercado, seja ele em valor, seja em qualidade. Por isso nós neste momento consideramos que somos um dos estúdios em Portugal que estamos mais optimizados para a parte de fotografia de ecommerce. Acho que temos crescido com alguma velocidade e com alguma qualidade também. Nós neste momento acabamos por estar focados na parte mais técnica e menos conceptual porque achamos que se calhar é uma vertente que pode ser mais rentável para as empresas, ou mais económica para as empresas subcontratarem essa parte e fazer o restante interno. Por isso acreditamos que vamos continuar a crescer nestes próximos anos na parte mais técnica. Estaremos aptos ainda este ano para entrar com essa vertente mais conceptual das marcas, de produção de imagens mais conceptuais. Por isso acredito que vamos ter muito ainda para evoluir. Nós temos até introduzido algumas técnicas inovadoras que podemos falar mais à frente no processo de edição e no processo de captação por isso acho que neste momento posso dizer que somos um estúdio mais dedicado para o ecommerce do que éramos há uns anos atrás.
Sónia Costa: [00:03:17] Então a pergunta que se segue é: O que é afinal a fotografia de produto e de que modo é importante para uma loja online?
Ivo: [00:03:28] Devemos falar primeiro do porquê da importância de uma fotografia para a loja online. Eu acho que a melhor forma de vermos isto é imaginarmos que vamos a uma loja e pegamos num produto antes de o comprar e sentimos o produto, vemos a textura, rodamos o produto em vários ângulos para ver se gostamos ou não e nós temos que tentar replicar isso na fotografia de produto, ou seja, quando fotografamos temos de estar a pensar na iluminação que vamos ter de forma a realçar a textura, ter uma cor coerente com a cor que está no produto ou senão o cliente vai receber o produto em casa e vai devolvê-lo porque não é exatamente o que estava à espera. Temos de tentar que o cliente que está do lado de cá e que está longe do produto, por norma não está habituado a fazer as compras online, esteja o mais confortável possível e tenha maior certeza de que o que está a ver, é o que vai receber em casa. Por isso a fotografia do produto é essencial numa loja online.
O que eu acho que é também importante definir aqui é a distinção entre fotografia de produto e fotografia de ecommerce. A distinção surge não só na sua aplicação porque uma coisa acaba por ser mais publicitária, mais catálogo e a outra acaba por ser mais digital, em que as necessidades são completamente diferentes. Há uma necessidade em ambos que o produto seja fidedigno, que tenha um impacto visual interessante, mas na parte digital a fotografia acaba por ter um destaque mais importante. Há muito mais interação digital, graficamente é muito mais estimulado nas próprias lojas online, as coisas não são tão simples como eram. Por isso obriga a que a própria produção da fotografia seja mais complexa e mais pensada no digital como costumo dizer. São coisas distintas temos que ter esses cuidados diferentes. Outra questão, que eu que acho que também era importante, é a usabilidade. Quando vamos a uma loja física podemos calçar o sapato e senti-lo no pé e ver como fica em nós. Quando passamos para o digital, a única forma de o fazer é ter uma modelo eventualmente a calçar o próprio sapato, ou roupa para que haja uma parecença mais real com a aplicação do produto em nós próprios.
Sónia Costa: [00:05:52] Quais são os factores que deve uma empresa ter em consideração quando quiser contratar um fotógrafo para fazer fotografia do produto?
Ivo: [00:06:00] É uma boa questão. Primeiro há a questão do tipo produto e fotografia que temos. Vamos de clientes que já tiveram connosco e que neste momento fazem o processo ou parte desse internamente e não o contratam. Aqui há que definir primeiro o volume de negócio, ou seja, a quantidade de fotografias que cada negócio tem. Quando a escala é muito pequenina acho que a subcontratação é importante pois há dois tipos de subcontratações, sejam eles freelancers ou empresas como a nossa. Há pontos a considerar como é óbvio e um dos primeiros fatores é o preço, se faz parte do negócio uma estratégia de negócio. Por isso é importante analisar esse ponto mas também, analisar outros pontos que com a escalada podem ser necessários responder e que podem não conseguir, como a rapidez com que se faz a captação de determinados produtos e com que se devolve para trás, para que seja possível vocês continuarem a fotografar numa sessão de moda os produtos e tecnicamente eles já tenham sido fotografados e vocês possam seguir em frente com o restante processo das imagens. Por isso há essa distinção entre um estúdio pequeno e um freelancer.
Depois tem a ver com a escala que vai surgindo da própria empresa. Se a empresa tem constantemente o produto novo a entrar e se eventualmente tem editoriais próprios que produzem internamente, eu acho que aí se tem essa escala de comunicação com newsletters constantes, lojas online constantes, mesmo físicas e se quer acoplar tudo, eu acho que aí pode entrar sim por um sistema interno e há muitas empresas em Portugal a fazê-lo. Se tiver eventualmente no meio de um termo entre uma start-up ou um negócio já com muito volume, acho que podem ir para um sistema como o nosso pois conseguimos dar tempos de resposta muito bons e acima de tudo dar inovação e fazer crescer também o próprio negócio, partilhar o nosso know-how com outras marcas, umas com as outras para que todas elas consigam crescer. Por isso acho que estes fatores podem ser decisivos na tomada de decisão entre uma empresa ou outra. Eu concordo que há casos em Portugal em que internamente não há outra forma de o fazer. Eventualmente aquilo que eu posso questionar é a parte mais técnica dos produtos que é a parte mais morosa, que é fotografar produto a produto com determinada luz cor e recortar eventualmente os produtos. Tudo isso pode ser algo que seja moroso e que internamente pode ficar mais dispendioso internamente do que subcontratar.
Sónia Costa: [00:09:27] Na vossa opinião quais são as principais competências que deve ter um fotógrafo que integre uma equipa de ecommerce?
Ivo: [00:09:34] Há uma série fatores eu já passei por esta fase, neste momento já não fotografo não sou eu que faço, tenho um fotógrafo internamente e vou pensar um bocadinho até na parte de que covalências é que eu tento replicar na minha equipa para que eles consigam ser o melhor ativo possível para esta área. Um fotógrafo de ecommerce tem que ser uma pessoa virada muito para o digital, para as tendências, para a usabilidade dos sites, para as experiências digitais, para aquilo que quando vamos a um site temos vontade, ou não, de comprar. O principal fator é a pessoa estar com uma aptidão gigante para a era digital. E não só é necessário ser um comprador online. Isso não é a questão. A questão aqui é conhecer os sites, conhecer porque é que eles são assim, porque é que não são e informar-se nessa área. Eu acho que ele não tem que ser só simplesmente um fotógrafo. Quando trabalha sozinho, tem que ser uma pessoa multifacetada. Tem de passar da decisão da fotografia, à parte de composição, direção de arte à parte de edição, pós-produção e eventualmente saber integrar-se com a equipa de design para que consiga criar mais valias no conteúdo que cria para a marca. Aqui no nosso caso nós já somos um estúdio um bocado grande. Já temos fotógrafos e temos editores. Já separamos estas duas linhas, neste momento até estamos a integrar um bocadinho a parte de design na empresa para que haja formação constante das equipas. Nós tentamos que seja constante a evolução de cada um, não só com as partilhas de sites quando vemos que há referências quando há tendências novas no mercado, nós partilhamos uns com os outros, tentamos perceber como é integramos ou não com esta nova tendência. Eu acho que isso é também um dos factores principais, que é ser uma pessoa muito dinâmica e que consiga evoluir rapidamente como o digital. O Digital evolui com uma velocidade tremenda e é preciso conseguir acompanhar.
Sónia Costa: [00:11:36] É errado esperarmos que esta pessoa faça para além disso tudo, a parte do vídeo? Porque nós ouvimos muitas vezes que o vídeo é o futuro, aliás o vídeo é o presente, tudo vai ser em vídeo, portanto é justo, ou é realista, esse profissional que já tem que ser tão multifacetado, ter ainda mais esta competência do seu lado?
Ivo: [00:11:56] Voltamos a uma guerra que é nós em Portugal fazemos tudo. Se fomos ver a realidade de outros países, todos eles têm uma pessoa para cada função e por isso é que eles conseguem fazer conteúdos fantásticos e conseguem evoluir e nós não somos tendência porque copiamos o que os outros fazem, porque cada pessoa tem a sua função e cada uma está focada naquilo que é o mais importante. Nós aqui tentamos fazer um bocadinho de tudo por questões económicas. Eu acho que neste há uma integração que ainda está a surgir um bocadinho nos sites, ainda não surgiu assim com tanta força como noutros países. Por isso eu acho que antes de chegarmos ao vídeo, eu acho que ainda vamos passar na fase do 360 e depois o vídeo. Se formos ver as tendências de vídeo em Portugal, são muito imagens estáticas animadas e não o vídeo por si só. Eu acho que há aqui uma fase de transição, ainda não estamos preparados para isso porque há custos inerentes, há formações que têm que ser tiradas, o próprio peso no site de um vídeo é completamente diferente de uma fotografia por isso eu acho que ainda estamos um bocadinho aquém daquilo que será o futuro aqui em Portugal. Lá fora o vídeo já é usual.
Sónia Costa: [00:13:07] Para quem pretende ter um estúdio dentro de portas que material é essencial? Obviamente para além do fotógrafo?
Ivo: [00:13:15] Para além do fotógrafo eu acho que antes da fase de comprar o equipamento, tem que se tomar uma decisão de qual é a linha gráfica, qual a linha visual que vai ser assumida pela marca para tomar essa decisão de compra de material. Tudo Isso pode ser dispendioso, ou pode ser económico consoante essas decisões. Por isso eu acho que é importante essa decisão do fotógrafo e da equipa da arte. E depois sim a parte da formação interna, os estúdios não surgem simplesmente porque o fotógrafo toma as decisões de por lá o equipamento. É uma decisão conjunta e de experiência. O que acontece com as empresas é que quando colocam um fotógrafo normalmente é um freelancer que acabou de sair da escola e que não tem a experiência nem o know-how. Eu acho que é importante as marcas também perceberem e nós já temos isso com algumas marcas e nós próprios optimizamos o processo interno. Vamos às empresas e montamos os estúdios, optimizamos já alguns processos para que as coisas fluam mais naturalmente, para que haja menos falhas, para que quando o fotógrafo chegue, tenha o trabalho mais ou menos facilitado mas claro há alterações sempre a ser feitas durante esse processo. Como é óbvio um trabalho evolutivo que dizia há pouco, o digital evolui com uma velocidade tremenda, por isso, todos os dias há mudanças. Voltando à parte do equipamento, sim, é importante no mínimo dos mínimos ter uma boa câmara. Acho que a câmara é importante e objectiva. Tudo o resto há soluções muito económicas e soluções extremamente caras dependendo do bolso de cada um. Mas eu acho claro que é necessário a parte dos fundos e o Pedro pode comentar isso daqui a pouco em relação a esse aspeto. A escolha de iluminação não é fulcral, mas é importante. Depois temos eventualmente a parte dos computadores com a otimização do processo de passagem do digital para a equipa de design. Temos aqui algumas técnicas que podem ser optimizadas, a parte das mesas que podem ser rotativas 360, mesas já com luz integradas, mas não recomendo esse tipo de soluções porque são soluções standard em que as luzes são básicas e que nem sempre valorizam o produto. Eu acho que aqui se a marca está a pensar em criar um valor para ela própria, tem que pensar em criar uma linha única, uma linguagem própria, algo que a distinga das restantes e aí essas máquinas standard já não são a solução. Há soluções mais customizadas e aí, tem que se produzir tudo e construir tudo, que é o que nós fazemos. Nós customizamos cada set de luz, cada fundo, o corte das imagens, todas as composições. Tudo isso é decidido para cada marca individualmente e é tudo depois internamente organizado para que seja sempre igual para essa marca, para que não haja falhas. As marcas têm que personalizar e customizar tudo aquilo que fazem porque é isso a mais valia de ter internamente porque senão para isso subcontratam e é mais económico e não se chateiam com o processo. Por isso, acho que a máquina é obrigatória, as luzes também são, mesas preparadas para shooting de produto, o computador para permitir ao fotógrafo estar a fotografar e a ver o próprio produto ajuda a conseguir valorizar eventualmente falhas que possam estar a existir e depois claro softwares que depois permitam fazer a magia que acontece atrás das câmaras.
Sónia Costa: [00:16:49] Avançando então para a questão da escolha dos fundos, esta escolha é importante na fotografia do produto. Eu perguntava o porquê e o que é que devemos ter em conta?
Ivo: [00:17:02] O fundo tem que ser neutro. Nós se virmos a tendência do mercado, em todas as lojas online tem branco. O produto acaba por sobressair porque os nossos olhos não absorvem a cor branca, fazendo com que o produto tenha o seu realce e a cor verdadeira. Não houve alteração nem adulteração. Por isso é que não há texturas. As marcas podem e devem ser diferentes arranjando com cores e há bons exemplos disso no mercado. O que eu acho é que têm que ter cuidado porque essa cor tem que ser muito bem escolhida, tem que ser testada e validada para que não haja perda de informação nem que o produto seja adulterado. Eu não sou muito apologista do branco, acho que devíamos todos ter uma cor personalizada. Claro que depois nem sempre é possível porque o olhar também não permite, a questão dos pixeis é mais informação de cor que está no peso de uma imagem. Tudo isso faz no final do site que haja outros custos e é mais seguro o branco não é toda a gente joga pelo surf toda a gente usa o branco, mas eu acho que a cor torna os sites diferentes, torna-os personalizados, fazem com que as pessoas se assimilem, ou não, às cores e às vezes pode ajudar a valorizar o produto se for muito bem escolhido. Nós temos exemplos de imagens se vocês procurarem na internet é fácil encontrar produtos que tenham uma cor e que atrás se veja quase uma cor similar que a compõe para que haja algum apelo à cor e não ao produto mas na realidade se a marca for muito bem comunicada, eu acho que a cor pode ajudar a vender o produto.
Sónia Costa: [00:18:47] Então em termos de fotografia de produto que posicionamento recomendam usar e quantas vistas de cada produto o recomendam ter?
Ivo: [00:19:06] Quantos mais melhor. Ou seja, na verdade não existe uma regra. Se estamos a falar de calçado com três, ou quatro vistas, somos capazes de mostrar o produto quase todo. Se for uma peça de vestuário, duas vistas podem ser suficientes. Se estamos a falar de uma garrafa, já é diferente, ou seja, depende muito de produto para produto. O importante é que se tenha uma ideia mais real possível do produto, ou seja, se um determinado produto tiver uma característica própria, numa lateral, temos que tirar um pormenor a essa zona do produto. Quanto ao posicionamento, também aqui não existe uma regra, depende muito de marca para marca. É importante abrir um site e os sapatos estarem, por exemplo, todos virados na mesma direcção. Se tiverem um ângulo de 45 graus, esse ser igual para haver uma coerência na imagem do site. Ou seja, antes de se fotografar um produto para uma determinada marca, deve ser falado com o director criativo, ou o responsável pela comunicação da própria marca e estar já muito bem definido, para quando chegar à parte da produção, ser um trabalho muito mais linear. Posso dizer que internamente funcionamos assim, ou seja, previamente é enviado para o responsável de comunicação da marca um documento com várias posições do produto que vai ser fotografado e depois de chegar a essa conclusão, partimos para a parte de produção. Só para salientar que há duas coisas importantes nesta preocupação dos alinhamentos, nesta preocupação da imagem perfeita, de uma imagem mais coerente. Eu acho que normalmente o que acontece, dou o exemplo dos sapatos que eu acho que é o mais difícil de gerir, que normalmente acontece marcas enviarem-nos com tamanhos diferentes o que depois faz com que o resultado do alinhamento não seja igual. Obriga-nos a uma logística um bocado diferente e temos que alinhar sapato a sapato, mas nós temos um processo a optimização e conseguimos definir com o cliente esse alinhamento com, essa parte das vistas e dos alinhamentos com o cliente e conseguimos ter acções internas executadas para cada cliente para que permita quase automaticamente fazer alinhamento e para que haja uma coerência entre uma colecção de agora e uma colecção daqui a dois ou três meses. Por isso há essa preocupação em manter essa coerência. Também há outra preocupação que é a questão de uma bota e um sapato de salto alto terem tamanhos diferentes, dimensões e escalas diferentes, por isso, tem que ver esta esta definição de conceito e eu acho que se vocês olharem para um site que tenha estes dois exemplos, eles estão virados todos para o mesmo lado que é uma das preocupações, tem que ter um alinhamento ou ao centro, ou à base e mantê-lo. Claro que depois tem de se prevenir isto antecipadamente se fizermos ao centro e se metemos uma bota, ela vai sair fora da imagem. Mas se essa imagem estiver ao centro, se calhar olhar visualmente pode chocar um bocadinho. Acho que é uma decisão de gosto pessoal. Acho que aqui entra a questão do design, da marca, da direcção de arte e do gosto pessoal de cada um. Acho que aqui não há uma definição muito concreta do que é. Eu acho que outra preocupação é a questão da dimensão das imagens. Nós internamente temos clientes que querem mais quadradas, outras rectangulares. Tudo isso também faz diferença no resultado final, mas também tem a ver mais uma vez com o site com o peso do site com um design definido com todas essas estratégias que são definidas marca a marca. Eu acho que não há aqui uma forma de dizer que o standard é isto e todos temos de fazer isto. Eu acho é que têm de pensar de uma forma digital, que eu acho que às vezes falta isso às marcas. Há dois factores importantes na fotografia que é o peso da imagem. Quantas mais fotografias forem e se forem extremamente coloridas e extremamente grandes, o peso é tremendo, implicando que o site comece a perder rankings nas visualizações. Depois temos a coerência visual do site. Tem que haver uma definição de marca e tem que ser mantida pelo menos de colecção em colecção, para que se olhe para o site e se perceba que é uma empresa coerente com uma imagem coerente e acreditar nela porque se for tudo muito solto, as pessoas parece que estão a comprar retalho e não um produto com qualidade. Eu acho que isso cria valor ao produto.
Sónia Costa: [00:24:11] Muito bem estamos já aqui há algum tempo a falar sobre fotografia de produto, mas afinal que tipos de fotografia de produto existem?
Ivo [00:24:22] Existem algumas. Antigamente fazia-se os catálogos, que ainda é habitual e foi durante muitos anos o que se fazia. A parte técnica era muito valorizada. Havia depois eventualmente aquele produto que se gaba e que se construía uma à volta só para aquele produto, mas era uma coisa muito mais pensada, a quantidade era reduzida. Quando passamos para a era digital nós passamos para um mundo em que a velocidade e a escala é importante. Se pensarmos nas colecções antigamente havia duas colecções hoje em dia já há quatro colecções num ano. Se pensarmos um bocadinho nisto, a escala aumentou, as necessidades aumentaram e também a quantidade de tipo de fotografia também aumentou. Para aquilo que nós fazemos hoje em dia é a fotografia técnica que é essencial em qualquer loja online. Nós temos de ter o produto recortado sem influências sem nada, para o percebermos. Depois eu acho que é importante criarmos a parte de lifestyle em que eventualmente pegamos no produto e vamos para a rua ou em estúdio montar um cenário e construímos um editorial à volta desse tipo de produto para que ele crie mais impacto, para que seja usada eventualmente nos banners, em redes sociais por exemplo que é mais e mais comunicativa mais fácil projectar a marca nesse sentido do que um produto simplesmente isolado e depois também temos a parte de pegar no modelo e eventualmente em estúdio fazer os Look books em fundo branco e pegar na modelo, vesti-la com a roupa ou com calçado para que as pessoas percebam a escala e a dimensão do produto vestido. Temos mais algumas tendências que entramos na parte do vídeo. Nós temos eventualmente o produto a ser animado. Os Catwalks que é ter uma modelo a passear numa passerelle e a mostrar o produto. Temos também a outra parte que dizia mais técnica que é nós temos a fotografia de calçado que para mim é mais simples, não há muitas variações, eventualmente temos a fotografia técnica com as terminados antes, temos o 360 eventualmente e depois temos a parte da roupa que eu acho que aí entra vários modos nós temos o modo flat que é novamente aquele que se mete a roupa pousada em cima de uma mesa base e não vemos os volumes da peça, vemos simplesmente a forma e a sua textura se a luz for interessante. Depois temos a outra parte em que temos os tais ghosts que são manequins que nos ajudam a dar volume e realidade à peça. Acho que são algumas das diferenças que existem na roupa. Aqui na parte técnica cada vez mais há uma evolução tremenda, há evoluções tecnológicas, nós temos desenvolvido algumas também internas para nos ajudar a optimizar esta parte mais técnica como dizia no início nós somos mais especialistas e queremos até o final do ano também entrar na parte mais conceptual nesta parte mais editorial para nos ajudar a criar conteúdos com mais valor e com impacto visual mais interessante que são aquelas que são mais usadas nas redes sociais. Esquecendo agora parte do site, temos a parte do banner e pouco mais. Depois temos essa parte mais conceptual que é usada nas redes sociais, que tem um valor tremendo e que tem que ser cada vez mais usual e investido cada vez mais pelas marcas para que os produtos e as marcas tenham visibilidade.
Sónia Costa: [00:28:16] Quando estamos a fotografar o produto, com que factores devemos ter mais cuidado?
Ivo: [00:28:21] Existem alguns produtos que são mais complicados que outros. Por exemplo o sapato que tecnicamente pode não ser muito complicado de fotografar, ao ter uma pequena placa de metal por exemplo, muda completamente. Todos os outros são fotografados são recortados, sombra É desenhada por nós, o cliente pode escolher facilmente que fundo quer, desde neutro a colorido. Nós por opção interna, recortamos o produto por uma questão simplesmente técnica e para criar valor ao cliente, pois tendo o produto recortado, o cliente pode facilmente criar ele próprio as campanhas publicitárias. Pode colocar uma paisagem atrás, tudo que ele quiser por um texto por trás e ficar com o produto pela frente, não tem que perder tempo a recortar porque nós já o recortamos internamente e depois permite a tal opção de escolher a cor de fundo e eventualmente pode escolher por exemplo a sombra, essa sombra pode ser encostada próximo para dar um ar mais real como se tivesse pousado numa superfície, ou até pode estar afastada para dar um ar mais artificial, mais suspenso, mais leve o produto. Tudo isso são características que depois do produto estar recortado, nós conseguimos facilmente fazer essa optimização claro para nós tem um custo, mas permite a uniformização da cor do fundo. É importante que os clientes nos enviem os produtos com mais os cuidados possíveis, como não terem por exemplo cola a sair das solas, não ter os atacadores correctamente colocados, são factores que são para nós muito importantes, poupamos tempo dando melhor prazo de resposta.
Sónia Costa: [00:31:58] Aproveito então agora para perguntar se querem partilhar com os nossos ouvintes algumas dicas de edição?
Ivo [00:32:04] Algumas coisas em pós-produção podem ser controladas para criar uma coerência visual naquilo que fazemos. Eu acho que o importante é criar templates para cada cliente com guias base que visualmente nos obriga a nunca nos esquecemos de enquadrar o produto dentro daquelas guias o que faz com que haja alguma coerência na edição e a coerência visual e depois no produto no produto final. Outra coerência é a questão de alinhar tudo com a equipa de design e exportar as imagens já com o formato indicado para os sites. Nós já fazemos isso quando os clientes nos pedem dão-nos as medidas certas e nós exportamos já tudo com as configurações todas que o cliente que o cliente quer e eu acho que a equipa também pode fazer um bocadinho isso e optimizar o processo. São tudo acções que o Photoshop faz de uma forma simples digamos assim, Por isso eu acho que a tecnologia hoje em dia permite optimizar todos estes processos e permite de uma forma rápida, simples e menos falível, optimizar quase tudo o que fazemos. Nós conseguimos optimizar partes do recorte não está a 100%, mas conseguimos 99%.
Sónia Costa: [00:34:25] Infelizmente o tempo está a passar a voar e vamos já para a última pergunta do nosso podcast. Então para finalizar todos aqueles que vão começar um projecto de ecommerce, ao que devem dar mais atenção quando estiverem a planear as suas sessões de fotografia de produto?
Ivo: [00:34:40] Eu acho que o principal é as pessoas pensarem que o fornecedor de fotografia é um parceiro da equipa, por isso, tem que haver reuniões, tem que haver definições de planos de trabalho para que haja cumprimentos e acima de tudo resultados do trabalho que é feito. Acho que somos um bocadinho desvalorizados e postos de parte no processo, mas temos que fazer parte integral desse processo. Depois de fazer parte desse processo eu acho que há coisas que nós podemos também pela mais valia que temos de criar valor ao trabalho porque visualmente é isso que os clientes vão ver, é esse o produto que eles vão ter nas mãos no futuro, por isso acho, nós estamos ali no meio do processo e temos de ser um pouco valorizados e contribuir também para essa valorização. Eu acho que nós internamente temos alguns protocolos em que tentamos fazer com que o processo seja o mais feliz para as três partes – para nós, para o cliente e para o consumidor. Por isso eu acho que se houver essa preocupação de todos, tudo funciona perfeitamente. Um dos cuidados que nós temos é o planeamento antecipado, há uma série de parâmetros que nós definimos como a questão das vistas, a questão da quantidade de imagens por produto, temos a questão das sombras, da cor de fundo… Sempre que a primeira vez que fazer um trabalho com esse cliente, temos sempre por norma essa essa fase de testes exatamente para o cliente ter a certeza que tomou a melhor decisão. Se cumprimos a preparação antecipada de nossa parte, o cliente também tem de cumprir alguns parâmetros e um deles é ter o produto em condições perfeitas, que o processo de envio seja cumpridor de todos os parâmetros, nós tentamos sempre que nos enviem os produtos todos em conjunto e em simultâneo para que evitamos constantemente montar e desmontar sets. Fazemos isso internamente para cada cliente. Temos que ter aqui também algum tempo de manobra para podermos corrigir em caso de erros. Sempre que o cliente tem noção que vai naquela semana ou daqui a duas ou três semanas enviar o produto, pedimos que nos envie com antecedência para nós fechamos datas e ter o fotógrafo ou a equipa de edição pronta para recebermos o produto mais rapidamente e o conseguir pedir também o mais rapidamente possível para que esse processo seja rápido e eficaz. O processo entre o fotografar tecnicamente e o fotografar um editorial normalmente é muito simultâneo e aquilo que nós fazemos é pedir aos clientes para enviar primeiro para nós um planeamento. Resumindo eu acho que o importante é as pessoas perceberem que é importante fazer um planeamento antecipado. Primeiro porque podem não ter disponibilidade pois não é necessário este trabalho de preparação este trabalho tem estofo este processo faseado de transição entre começarmos ou não produzir realmente em massa. Por isso acho que é importante este planeamento. Depois desse planeamento acho que algo é algo que depois acaba por fluir e evoluir constantemente. Acho que os clientes têm que ser um bocadinho mais exigentes com o trabalho e para que nós também consigamos crescer, ou seja, tem que existir este trabalho de constante evolução de nossa parte e de parte do cliente. Nós também gostamos de manter essa evolução na parte do cliente. Por isso eu acho que conseguimos em todos os lados ter esta mais valia com esta preparação e organização metódica destas sessões. Posto isto nós temos uma política quase interna em que nós aceitamos desafios, mesmo que nunca o tenhamos feito, nós arriscamos fazê-lo para ver se conseguimos ou não nos superar a nós próprios e acho que qualquer desafio que exista neste momento no mercado nós somos capazes de dar resposta.
Sónia Costa: [00:40:02] Chegamos ao fim deste podcast. Muito obrigada à Porto Business School por nos receber e também ao Ivo e ao Pedro por terem estado connosco a partilhar o seu conhecimento nesta área. Tenho a certeza que todos aprendemos muito com as vossas partilhas. Muito obrigada também a todos que estiveram desse lado a ouvir o quinto podcast Tudo sobre eCommerce desta vez dedicado ao tema fotografia de produto para ecommerce. Não se esqueçam que poderão também ler o artigo no nosso blog sobre este tema em Tudo-Sobre-eCommerce.com/blog. Sigam-nos nas redes sociais – Facebook, Linkedin, Instagram, escolham a vossa preferida e mantenham-se a par de todas as novidades do Tudo sobre eCommerce. Por hoje é tudo e até à próxima.
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Muito obrigada à Porto Business School por nos receberem!