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Podcast #2 Transportes para Ecommerce

As lojas online devem pensar nos transportes desde o início e não como um custo, mas sim como um investimento.
— Nuno Álvares Pereira, DHL

Nesta edição, o tema abordado é Transportes para Ecommerce:

  • Apresentação do convidado e da DHL Express. [01:34]
  • Em que momento do desenvolvimento e lançamento de uma plataforma de ecommerce se deve fazer a ligação com a transportadora? [03:02]
  • Os consumidores são exigentes e as suas expectativas de serviço aumentam a um ritmo ainda maior. Qual é o papel que as transportadoras desempenham neste serviço ao cliente de excelência? [04:28]
  • Podemos afirmar que mais opções de envio (expresso, standard, same day, next day, nominated day, deliver to store, deliver to service point) traduzem-se em mais vendas para uma loja online / ou para o aumento do valor médio do carrinho? [06:46]
  • A Google afirma que as pesquisas relacionadas com ‘same-day shipping’ cresceram mais de 120% desde 2015, podendo a existência desta opção de entrega até sobrepor-se à escolha da marca. O serviço de entrega pode ter então uma influência direta na decisão de compra dos consumidores que compram online? Isto é, pode ser um característica de diferenciação para as empresas que apostam num melhor serviço ao cliente? [10:07]
  • Os consumidores sentem-se cada vez mais confortáveis com a ideia de comprar diretamente a retalhistas e fabricantes estrangeiros, apesar dos seus receios continuarem a estar relacionados com a logística, a confiança e a experiência. Como é que a DHL Express ajuda a ultrapassar os receios dos consumidores? [12:49]
  • Um envio expresso comunitário é diferente de um envio para a Austrália, para o Brasil ou para Angola. Em que medida a parceria com uma transportadora é fundamental para uma melhor internacionalização de uma plataforma de ecommerce? [15:09]
  • Quando se pensa em vendas online, as lojas de ecommerce têm de preparar a sua política de devoluções e por vezes esta matéria é um pouco “assustadora”. Qual é o papel da transportadora no apoio a esta questão tão relevante para o negócio online? [19:23]
  • A todos aqueles que vão começar um projeto de ecommerce, ao que devem estar atentos ao escolher a transportadora?[23:27]
  • Notas finais. [27:22]

Para saber mais sobre ODD (On Demand Delivery), pode ler o nosso artigo “On Demand Delivery: 6 opções de entrega que melhoram a experiência do consumidor“.

 

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Transcrição do podcast

 

Sónia Costa: Bem vindos ao podcast Tudo sobre eCommerce

Para quem ainda não conhece o Tudo sobre eCommerce é o acelerador de projectos de ecommerce em Portugal. Foca-se em ensinar tudo o que existe sobre o mercado das vendas online e direcciona-se a empreendedores que pretendem criar ou desenvolver um projeto de ecommerce de raiz. O Tudo sobre eCommerce é desenvolvido por uma equipa de profissionais de ecommerce que se juntaram com o objectivo de tornar o mercado português numa referência em projectos de comércio electrónico.

Nesta edição vamos falar sobre transportes para ecommerce. No desenvolvimento e lançamento de uma loja online coloca-se frequentemente a questão: Quais os requisitos mínimos para fazer crescer e tornar sustentável um negócio ecommerce? Os transportes são um desses requisitos importantes mas que por vezes fica relegado para depois. Existem muitas transportadoras no mercado, no entanto recomendamos que opte sempre por transportadoras com níveis de serviço elevados, independentemente do custo. Pense acima de tudo no serviço ao cliente e na importância que a experiência da entrega e devolução tem para o fidelizar.

Assim para falar sobre transportes para ecommerce temos hoje connosco Nuno Álvares Pereira, que é director comercial da DHL Express. A DHL é uma empresa presente em mais de 220 países e territórios do globo o que faz dela a empresa mais internacional do mundo.

Vamos então começar por perguntar ao Nuno se pode por favor fazer-nos uma breve apresentação sua e também da DHL Express?

Nuno Álvares Pereira: [00:01:34] O meu nome é Nuno Álvares Pereira conforme a Sónia disse, sou o director de vendas da DHL Express e estou nesta função desde o início do ano. Eu estive 11 anos como área sales manager do norte, portanto, esta é uma função relativamente recente para mim e o ecommerce sem dúvida nenhuma que é algo que faz parte do nosso foco.

A DHL Express é empresa que pertence ao grupo Deutsche Post DHL, correios alemães e é a líder do mercado de logística e transporte expresso internacional. É a companhia mais internacional do mundo conforme foi dito, estando em mais países e territórios que a Coca Cola e que a Fifa, o que faz de nós a empresa mais internacional do mundo, o que é um facto que nos orgulha muito. Temos uma estratégia definida para o crescimento através do nosso foco de 20/20 que entre outras prioridades o ecommerce sem dúvida que ocupa um lugar de destaque. Estamos a fazer todos os investimentos para adaptar a nossa organização e alterar um pouco o paradigma do transporte expresso que estava muito vocacionado para o negócio B2B e portanto este advento do negócio B2C obriga-nos também a nos adaptar a estas novas realidades.

Sónia Costa: [00:02:46] Com este foco novo em B2C, portanto, no ecommerce, na sua opinião em que momento do desenvolvimento e lançamento de uma plataforma de ecommerce se deve começar a preparar e fazer a ligação com a transportadora?

Nuno Álvares Pereira: [00:03:01] Depende do modelo de negócio e da estratégia que cada empresa tem para o seu negócio. Logística é fundamental no modelo de negócio de uma loja online e é um factor crítico de sucesso. Acreditamos que uma boa logística faz a diferença numa loja online. As lojas têm que pensar no transporte de inicio não como um custo qualquer mas sim como investimento e como um grande driver de conversão das suas vendas online. 68% da geração Millenial decide a quem comprar com base em opções de transporte que a loja oferece. Todos nós todos sabemos que esta geração é muito diferente da geração que comprava anteriormente. Isto faz com que nós direccionemos muito do tamanho do nosso negócio para para esta geração que compra online. Qualquer momento é um bom momento para fazer a ligação com o seu parceiro de transporte, embora quanto mais cedo melhor porque por vezes as integrações informáticas demoram o seu tempo e portanto estar a esperar pelo transporte e pelo desenvolvimento da estratégia em termos dos custos de transporte, custos/investimentos, penso que deve ser feito o mais cedo possível.

Sónia Costa: [00:04:13] Sabemos hoje em dia que os consumidores são exigentes e as suas expectativas de serviço aumentam a um ritmo ainda mais acelerado. Qual será então o papel que as exportadoras desempenham neste serviço ao cliente de excelência?

Nuno Álvares Pereira: [00:04:28] Obviamente que é um papel crucial. A transportadora é importantíssima uma vez que faz o papel de last-mile da venda online. Esta não termina no pagamento, portanto, quando se faz uma venda online temos o pagamento e termina sim na entrega e eu iria mais longe até na satisfação do próprio cliente para que ele possa voltar a comprar. A transportadora é um prolongamento final do negócio e muitas das vezes é o único contacto físico entre o vendedor, neste caso, a loja e o comprador. Se a experiência de entrega for boa a satisfação também o é e portanto, a repetição de compra é um factor muito importante da experiência que temos dos clientes que têm crescido connosco, sentimos que grande parte do cliente do nosso cliente é um cliente que repete a compra.O objectivo de uma loja é vender e satisfazer o cliente prestando um nível de serviço excelente e isso só é possível transmitindo confiança na compra. Essa confiança obviamente que quando está associada a uma marca com a notoriedade da DHL, permite à loja ter maior credibilidade e por outro lado também uma cobertura global, o que digamos que é vender vender para os Estados Unidos, para a Nigéria, para o Vietname, ou a Austrália com um parceiro como a DHL é exactamente a mesma coisa. Depois é uma questão do tempo que demora a chegar. Pessoalmente já tive algumas entregas online na minha casa, que quem entregou não estava nem identificado e o carro descaracterizado e confesso que tive algum receio em abrir a porta. Portanto isto é uma experiência que muita gente tem quando compra online. Quando essa entrega é feita por um individuo devidamente fardado, em qualquer parte do mundo, onde toda a gente conhece a marca, dá uma credibilidade e uma confiança para que o cliente tenha uma experiência de compra excelente e que volte a comprar, o que é esse o objectivo da loja também.

Sónia Costa: [00:06:22] Na sua opinião será que podemos afirmar que quantas mais opções de envio uma loja online disponibilize como por exemplo o envio expresso, o envio standard, envio no mesmo dia, no dia seguinte, entrega na loja, a possibilidade de levantar num serviçe point, podemos afirmar que estas opções extra se podem traduzir em mais vendas para uma loja online ou até mesmo para o aumento do valor médio do carrinho?

Nuno Álvares Pereira: [00:06:46] Sim claramente, a DHL como uma empresa que aposta fortemente no ecommerce faz estudos com alguma regularidade e nós também estamos sempre atentos a todos os estudos que outras empresas fazem e o que nos leva a concluir que uma opção premium, normalmente é entendida como opção expresso, uma opção que tem uma entrega em 24 horas, tem um valor do carrinho em média 69% acima de uma opção standard, que é um serviço de camião que demora três, quatro, ou cinco dias dependendo do destino. O ideal será uma loja apostar nos dois serviços, uma vez que, dar essa opção de compra ao cliente é sempre uma mais valia. Quando falamos na opção standard, a opção standard existe na Europa, mas quando falarmos em opções de venda para fora da Europa obviamente que essa opção não existe e portanto, será a opção premium a ocupar esse espaço. Tive uma experiência de uma compra online de umas sapatilhas para a minha filha que joga basquetebol e que as sapatilhas tinham um custo na ordem dos 100 euros e que vieram por outra transportadora nossa concorrente, não vou obviamente dizer o nome, e que veio pelos serviços standard. As sapatilhas demoraram cinco dias a chegar. É óbvio que se me dessem opção de um serviço premium na compra e que eventualmente até poderia pagar um valor adicional mais quatro a sete euros, eu pagaria essa verba para poder ter as sapatilhas no jogo do fim de semana. Portanto, esta é uma opção que dando este exemplo se passou com uma empresa de referência de mercado de roupa desportiva, que é uma opção que não existia e é uma opção que muitas das vezes quem está a comprar, quer ter essa opção para poder fazer a sua escolha em ter o seu produto no dia a seguir ou três a quatro dias depois. Como uma compra é sempre emocional, quanto mais soluções o consumidor tiver, mais estados emocionais também conseguimos satisfazer. As várias soluções geram valor acrescentado na proposta da loja. Os serviços no meu ponto de vista são complementares e ter só um serviço, principalmente quando é o standard, não é uma boa opção. Há empresas que trabalham connosco, têm ambos os serviços e serão os consumidores a escolher e há empresas que por uma questão de estratégia e posicionamento de mercado só utilizam o serviço premium.

Sónia Costa: [00:09:19] Exactamente ou seja, a decisão final é sempre do consumidor e o que a loja online está a fazer é dar lhe mais opções, portanto, não está a obrigar a qualquer um dos modelos de envio. O consumidor tem mais opções e nesse sentido, por exemplo um estudo recente da Google, mostra que as pesquisas relacionadas com same day shipping, ou seja, o envio no mesmo dia cresceram mais de 120% desde 2015, podendo a existência desta opção até sobrepor-se à escolha da marca conforme diz a Google. Podemos então dizer que o serviço de entrega terá uma influência directa na decisão de compra dos consumidores que compram a online? Será esta uma característica de diferenciação para as empresas que têm como aposta um melhor serviço ao cliente?

Nuno Álvares Pereira: [00:10:07] Claramente, é evidente que quando estamos a falar de serviços que têm um standard, sejam eles de carro, ou de avião, conseguem-se preços muito mais em conta, uma vez que, existem rotas que já estão devidamente definidas e portanto conseguem-se economias de escala e conseguimos disponibilizar nós transportadoras preços bem mais acessíveis. Obviamente que o serviço same day, é um serviço que tem sempre um preço alto associado, mas que entra dentro de alguns nichos de mercado, nomeadamente em algumas, ou em alguns segmentos de luxo e é uma opção que tem vindo a crescer e que vai crescer. Ela cresce essencialmente nas grandes cidades, em grandes centros e obviamente que fazem essa diferenciação. São serviços que para quem está a começar uma loja online do meu ponto de vista, não fazem sentido numa primeira fase e que são serviços que depois são complementares. É óbvio que estes serviços nunca irão dar a cobertura global que dá uma DHL. Não posso fazer um serviço same day em Luanda ou noutra cidade qualquer do mundo. São serviços que se destinam essencialmente a grandes centros e que ocupam um espaço cada vez mais crescente. Um exemplo de um serviço que se sobrepõe à marca, é, por exemplo, se eu preciso de um projector para fazer uma apresentação daqui por quatro horas, é óbvio que eu posso ter a preferência por uma marca de projectores, mas se tenho uma loja que me dá um projector e me vende digamos um projector não sendo esse da marca que entretanto eu preferia, eu opto por comprar o projector que me vai servir digamos dentro do espaço que é a minha necessidade, ou seja, aqui claramente estes serviços fazem com que a marca seja sobreposta pelo apelo pela necessidade de ter neste caso o serviço.

Sónia Costa: [00:12:12] Sabemos que os consumidores sentem cada vez mais confortáveis com a ideia de comprar directamente a retalhistas e fabricantes estrangeiros, apesar de obviamente continuarem a existir receios relacionados com a logística, a confiança e a experiência, ou seja, vou comprar a uma loja online, será que é verdade, será que vou receber este produto em minha casa? Como é que a DHL EXPRESS, sendo uma opção de envio que eu vejo nessa nessa loja online pode ajudar estes consumidores a ultrapassar o seu receio com este retalhista estrangeiro no qual estão a realizar a sua compra online?

Nuno Álvares Pereira: [00:12:49] Mais uma vez tem a ver com o Brand DHL, ou seja, quando eu estou a comprar numa loja online que até não tem muita notoriedade e vejo que o serviço de transporte é feito pela DHL, ou por outra empresa de referência, nossa concorrente e que tenha um Brand também alargado, obviamente que dá outra credibilidade à compra e outra confiança a quem está a comprar. O retalhista substitui a marca do fabricante pela marca DHL. Na prática acaba por haver aqui uma substituição. O facto de estarmos em 220 países e territórios, é um fator competitivo porque também permite que o serviço que é disponibilizado na Europa, seja o mesmo que é disponibilizado na Ásia, na África, ou, na América. Por outro lado, temos especialistas em questões alfandegárias que é um bicho de sete cabeças de cabeças para quem compra e portanto é uma grande restrição e uma grande barreira e o facto de nós termos essa capacidade de desalfandegar expresso e de poder muitas das vezes fazer um papel de consultadoria junto dos nossos clientes,permite também ultrapassar esses conhecimentos e essas burocracias que existem, transformando a compra numa compra de confiança, numa compra em que o cliente fica satisfeito. Por vezes existem pessoas que compram online não sabendo de que depois da chegada do seu produto, que têm que pagar taxas alfandegárias e são experiências muito negativas e que obviamente, escusado será dizer que essas pessoas não irão mais comprar naquele site. Portanto eu penso que o facto de se utilizar uma DHL quando se está a fazer uma compra na Ásia dá credibilidade ao próprio site e uma confiança adicional que permite ao cliente fazer a compra com maior segurança.

Sónia Costa: [00:14:42] Sabemos que o envio expresso comunitário é logicamente diferente de envio para a Austrália, para o Brasil, ou para Angola. Nesse sentido, em que medida é que a parceria com uma transportadora é fundamental para uma melhor internacionalização de uma plataforma de ecommerce pois sabemos que também para efeitos de crescimento, o ideal será as empresas portuguesas abraçarem também as oportunidades abertas para o mercado internacional?

Nuno Álvares Pereira: [00:15:09] Sem dúvida. Uma opção pela DHL permite ter apenas um parceiro de logística. Isso traz um conjunto de mais valias porque permite também à loja ter escala dentro da própria DHL e conseguir mais competitividade nos próprios preços. Por outro lado também em termos operacionais há mais valias porque uma coisa é estar uma transportadora a fazer digamos, as recolhas e as entregas e outra é estarem duas, ou três, ou quatro. Por vezes as empresas também não têm locais de descarga e portanto não têm condições em termos logísticos que lhes permitam ter várias transportadoras a trabalhar. O facto de se optar pela DHL permite fazer entregas em todo o mundo num carrinho de compras fora da Europa. Como as compras normalmente têm um valor superior e é necessário ter alguns cuidados nomeadamente, em termos dos direitos alfandegários a pagar no destino, porque existem países mais restritivos que outros, por exemplo, o caso dos Estados Unidos há cerca de um ano alargaram o valor de 200 dólares para 800 dólares de não pagarem direitos alfandegários. Claro que isto não se aplica a todos os produtos, tem algumas questões que têm a ver com o FDA, mas na generalidade dos produtos o envio até 800 dólares não paga direitos nos Estados Unidos, o que é uma vantagem. Outro mercado também muito interessante que as empresas nos pedem para fazermos estudos, é sobre o Brasil, que é um mercado muito apetecível pela questão da língua e porque também compra bastante online, só que tem bastantes restrições em termos alfandegários. É óbvio que uma empresa ou uma loja online quando quer ir para um destes países tem que ter esses cuidados porque está a vender um produto que depois irá ser taxado, ou não, nesse país. Temos lojas online e clientes que trabalham connosco e que optam por uma estratégia de abertura de país a país e outros que alargam para o mundo inteiro. Ambas as estratégias são válidas. Quem sou eu para julgar as estratégias, mas eu penso que quando se faz uma estratégia país a país, nós próprios também podemos dar um suporte muito maior porque podemos país a país, dar informação que é relevante nomeadamente, onde estamos, que tipo de cuidados há que ter em conta de tipologia do envio e do tipo de evento que se faz. Podemos dar essa garantia aos nossos clientes e evitar surpresas na altura da compra. Se houver uma generalização para o mundo todo, estamos a jogar em 220 países em que cada um tem as suas regras e cada um tem as suas restrições. Isto torna-se mais complexo e aumentamos a probabilidade de fazer uma venda que poderá ser uma venda que não seja rentável para a loja. Por um lado, poderá também ser um serviço que vai ter problemas na alfândega do destino, se toda a documentação da origem não for em conformidade. Essa é uma questão que é fundamental, porque nunca nos esqueçamos que a transportadora transporta de um ponto para outro, mas nos países extra-comunitários, existe uma alfândega tem que dizer que sim, ou não e portanto se as coisas forem bem desde a origem, tudo se torna muito mais fácil para ter uma experiência de compra satisfatória. Resumindo, do meu ponto de vista, acho que as empresas devem apostar de território a território, porque permite ter uma estratégia muito mais direccionada, já que os hábitos de consumo num país são muito diferentes de outro e portanto permite adaptar a estratégia mais aos consumidores daquele país.

Sónia Costa: [00:19:07] Quando se pensa em vendas online, as lojas de ecommerce têm de preparar a sua política de devoluções, que tem que ser clara e simples e por vezes esta matéria é um pouco assustadora. Qual é então o papel da transportadora no apoio a esta questão tão relevante para um negócio online?

Nuno Álvares Pereira: [00:19:23] Mais uma vez a cobertura global é importante, uma vez que quando vai um envio para um destino, temos que ter exactamente a mesma capacidade nessa, que passa a ser a origem para fazer a devolução. Obviamente que as devoluções são algo que tem sido descurado um bocadinho para algumas lojas e há estudos que dizem que um dos principais motivos do abandono dos sites tem a ver com políticas de devoluções que não estão claras, ou não existem pura e simplesmente. As devoluções têm um papel importante dependendo um bocadinho também do sector de actividade. Quando estamos no sector da electrónica, em que normalmente sabemos aquilo que estamos a comprar, as devoluções têm um papel muito mais residual, mas quando estamos a falar do sector da moda, nomeadamente tanto têxtil, como calçado, as devoluções têm um papel muito importante e fazem parte do negócio. Quando entramos numa loja física e experimentamos uns sapatos, se o sapato não nos servir e ele voltar novamente para a prateleira estamos a fazer uma devolução. As lojas online têm que pensar um bocadinho também assim. A devolução faz parte do jogo e é algo que tem que ser simplificado. A título de exemplo, na Europa temos estudos que nos dizem que no caso da Alemanha e da Áustria, a taxa de devoluções médias é 13%. Isto tem a ver um bocadinho também com o facto da cultura alemã, que compram online às vezes três, a quatro peças para depois ficarem com duas e todas as compras com “site.de” têm que ter uma política de devoluções gratuita, algo que a Alemanha está um pouco à frente em relação a outros países. Há outros países onde as taxas também são elevadas, a UK tem 6%, no caso dos Estados Unidos estamos a falar de 7%, na China 5%, Índia 7%, ou seja, depende um bocadinho digamos do país, ou do continente onde estamos a vender, sendo que, o papel do sector de actividade em que se está é muito importante. Muitas lojas online acham que a devolução é quase que uma perda da venda. Não é. O facto de nós podermos ter uma devolução, pode ser importante para que essa pessoa que comprou transmita essa experiência a outras a dizer: eu comprei de uma forma simples. Hoje em dia, a compra online tem a ver com confiança e a palavra confiança é a palavra chave numa compra online e portanto, a política de devoluções tem que ser clara e o cliente tem que ter toda a simplicidade na devolução de algo. Existem vários cenários em termos de devolução. Muitas das empresas com quem trabalhamos fazem o envio e inclusive dentro da caixa com o produto já vai uma carta de porte de retorno para que o cliente caso pretenda devolver o produto, devolve. Quando falamos de devoluções também temos de fazer uma diferenciação entre aquilo que é comunitário e aquilo que é extra-comunitário. O que é comunitário é simples porque como há livre circulação de bens, é uma questão de eu envio para um país e portanto meu cliente não quer devolve novamente ao país de origem. Quando falamos de países extra-comunitários as devoluções podem ter aqui uma componente da alfândega, ou seja, eu vendi para outro país entretanto o cliente quer devolver para o país de origem e portanto como proceder aqui? Esta é uma das dúvidas que muitos dos nossos clientes nos têm colocado e o processo é muito simples desde que haja uma identificação da venda que foi feita da carta de porte que foi inicialmente, o processo de devolução é um processo totalmente gratuito, tirando alguns honorários que são normais de serem pagos pelo tratamento das próprias questões administrativas quando nos relacionamos com a alfândega.

Sónia Costa: [00:23:20] Para finalizar, a todos aqueles que vão começar um projecto de ecommerce, ao que devem estar atentos ao escolher a sua transportadora?

Nuno Álvares Pereira: [00:23:27] É óbvio que quando se escolhe uma transportadora e neste, caso a DHL, é fundamental a cobertura global. Se A loja só pretender vender para Itália, terá que escolher uma transportadora que o faça bem para Itália, mas se tiver como expectativa a venda no mundo inteiro obviamente que ter uma transportadora que lhe permita chegar a toda a parte do mundo é fundamental. Outra questão que é muito importante para as vendas online, tem a ver com as soluções de entrega, que nós DHL, temos disponível uma ferramenta que é um ODD em que muito simplesmente sai um SMS quando é feita a compra e o destinatário, neste caso o consumidor, decide como é que a entrega vai ser efetuada, nomeadamente, se quer que seja entregue a um vizinho, se quer reagendar a entrega para o dia seguinte, ou por exemplo, entrega num service point por uma questão de comodidade permitindo buscar o envio a um sítio mais perto de casa. Na prática abre o Google Maps, que tem os service points todos na área de onde vai ser a entrega e o cliente é que decide onde quer receber. Existe por exemplo, o caso da Alemanha em que existem as Pack stations, que são pontos de entrega e há uma frase muito interessante que diz que 90% dos alemães estão a dez minutos de uma pack station portanto, um alemão não recebe a sua encomenda em casa. Muitas das vezes reencaminha-a para essas pack stations. Digamos que estas soluções de entrega são fundamentais porque os consumidores cada vez são mais exigentes. Muitas das entregas eram feitas em empresas que quase teriam de fazer um armazém nas recepções e há empresas que inclusive já estão a restringir as entregas particulares na recepção. Portanto há que pensar neste tipo de soluções de entrega e uma vez mais ser o consumidor final a decidir como é que quer que a entrega seja feita. Por outro lado a própria abordagem comercial, que da parte da DHL nós tivemos que alterar um bocado o paradigma do negócio. Tradicionalmente as empresas de transporte negoceiam os descontos mediante os volumes. No caso dos clientes de ecommerce, nós somos pioneiros nisso, fazemos digamos a negociação com base com base no futuro e não no presente, porque uma loja online a começar obviamente que não tem envios e teríamos de dar a tarifa geral e portanto não daríamos condições para que o cliente possa ser competitivo nos seus preços de transporte e portanto, a própria abordagem comercial também é importante no sentido de se poder escolher e neste caso a DHL mais uma vez é pioneiro. Outro assunto a que se tem de ter atenção são os próprios especialistas em ecommerce que as empresas têm, porque nota-se que há algumas empresas que estão claramente a apostar no e-commerce e a dotar todos os seus membros e todos os seus funcionários neste novo cenário, porque o paradigma mudou e há outras empresas que ainda continuam a pensar muito no B2B e que irão claramente ficar para trás. Portanto é fundamental que todas as pessoas na empresa falem a mesma linguagem. Nós internamente na DHL já demos formação sobre ecommerce a todos os departamentos para que quando falemos uns com os outros, falemos a mesma linguagem e eu penso que este é um dos  pontos importantes. Fazendo o resumo, cobertura global, as soluções de entrega, a própria abordagem comercial e também o facto de as empresas de transporte serem especialistas, são as quatro mais valias, do meu ponto de vista, mais importantes para se escolher um parceiro de logística.

Sónia Costa: [00:27:21] Muito obrigado ao Nuno Álvares Pereira por ter estado connosco hoje a partilhar o seu vasto conhecimento nesta área tão complexa que são os transportes para ecommerce. Muito obrigada também a todos os que estiveram desse lado a ouvir o segundo Podcast Tudo sobre eCommerce, desta vez dedicado ao tema como já referi transportes para ecommerce. Não se esqueçam que poderão também ler o artigo no nosso blog sobre este tema em www.tudo-sobre-ecommerce.com/blog. Sigam-nos também nas redes sociais, no Facebook, LinkedIn, ou Instagram, escolham a vossa preferida e mantenham-se a par todas as novidades do Tudo Sobre eCommerce. Por hoje é tudo e até à próxima.