Empreendedores de Ecommerce – Entrevista a Luís Coutinho
Para fazer face às dificuldades que os negócios online estão a enfrentar na conjuntura atual, pedi aos meus contactos no LinkedIn e no Facebook que me recomendassem profissionais da área do Ecommerce, sejam gestores de ecommerce, freelancers ou empreendedores, que estejam a adaptar os seus negócios e as suas estratégias ainda mais ao mundo online. Foi assim que cheguei ao nome do Luís Coutinho, que aceitou este desafio de ser entrevistado para o nosso blog.
Vera Maia: Podes, por favor, explicar um pouco o teu percurso profissional e como começaste a trabalhar em ecommerce?
Luís Coutinho: Sou o Luís, 37 anos e pai de uma menina de 4 meses, aliás têm sido os 4 meses mais desafiantes da minha vida!
Sou farmacêutico de formação, mas empreendedor por natureza, fiz outras formações para me ir adaptando e preenchendo lacunas, como Gestão de empresas na Católica, Marketing Digital no IPAM, Gestão de projectos no ESCP Europe em Madrid, e mais recentemente um curso online de 1 ano numa escola americana de Integrative Health Coach.
Profissionalmente já fui farmacêutico de farmácia de rua, já vivi alguns tempo no Brasil em exportação de vinhos e azeites e desde 2012 que me dedico ao Ecommerce.
VM: Vi que a tua formação de base é farmácia. O que te levou a lançar o teu próprio projeto/projetos online?
LC: A minha mãe é farmacêutica e decidi seguir os passos da família. Estudei Farmácia e comecei a trabalhar na farmácia da família. Em 2006, quando o Ex-Primeiro Ministro José Sócrates abriu a possibilidade de se abrirem para-farmácias, fizemos uma tentativa nesse sentido. E mais tarde, em 2009, decidimos abrir o nosso negócio online dado que temos acesso aos fornecedores e à oferta no mercado.
Em 2013 mudei-me para Madrid com a minha namorada – atual esposa -, e fiz um curso de gestão de projetos. Embora hoje não trabalhe como Project Manager, sinto que me ajuda a gerir o negócio e os vários projetos que estou inserido.
Se no passado dava maior importância à formação académica, hoje preocupo-me mais em ter formação com especialistas que me conseguem ensinar estratégias e táticas específicas e testadas. Ao aprender com um especialista sei que vou aprender com a sua experiência.
VM: Vi que neste momento geres dois negócios online. Como consegues coordenar tudo?
LC: Neste momento vivo em Madrid e tive 9 meses de preparação para conseguir gerir os projetos à distância. Um dos projetos, a www.pharmascalabis.com.pt está a ser gerido diretamente pelo meu irmão mais velho o que me deixa livre para fazer a gestão de outros dois projetos – www.lifenatura.com e www.vitanayura.es.
Com a experiência fui percebendo que era necessário alterar a estratégia da empresa, alocar recursos a cada atividade essencial do negócio, como contratar empresas que ajudem na análise via Google Analytics, que façam gestão de redes sociais, entre outros. Hoje sei o quão é importante alocar os recursos certos a cada função.
Ao reorganizar a empresa e os projetos ficamos com um orçamento mais curto para investir, mas acredito que o projeto irá crescer melhor e de forma sustentada. Não é possível uma só pessoa fazer tudo. Eu fazia um pouco de tudo, mas nada como um especialista. Hoje prefiro ter especialistas alocados a cada projeto.
Outro ponto importante é dar segurança à equipa. Somos neste momento sete pessoas alocadas ao projeto. Neste momento a minha preocupação maior é pela minha equipa e bem-estar da mesma. Estamos a organizar o negócio por forma a que todos estejam seguros e que possamos dar continuidade ao projeto à distância.
No nosso caso, após saírem as primeiras notícias em relação ao novo coronavírus, a procura pelos produtos que vendemos disparou. Naturalmente as pessoas ficaram mais preocupadas com a sua saúde e procuram suplementos que ajudem a fortalecer a sua imunidade.
Claro que não chega uma toma pontual para fortalecer a imunidade do cliente, mas sim continuar a toma ao longo do ano – é essa a minha recomendação enquanto profissional da área. No entanto, com a quantidade de informação que hoje vemos em múltiplos canais – online, nas notícias na televisão, e nos jornais – a preocupação aumentou, por parte dos nossos clientes e, consecutivamente, o negócio também cresceu.
VM: Qual é a tua opinião sobre as vendas online em Portugal? Quais as maiores diferenças entre Portugal e Espanha?
LC: Sem dúvida que o mercado espanhol, pela sua dimensão – são 5 vezes mais habitantes do que em Portugal – é uma mercado maior e mais apetecível. Compram bastante mais online e estão bastante habituados às compras à distância.
Por exemplo, comparando com Portugal, o mercado espanhol está mais à vontade com a compra sem apoio de um funcionário. Em Portugal os clientes precisam ainda bastante de suporte – via email, telefone, redes sociais -, para efetuarem uma compra. Às vezes precisam de vários contactos e aconselhamento. Nós diferenciamo-nos pelo aconselhamento que prestamos online.
Outra diferença tem a ver com os pagamentos: em Portugal a referência multibanco e, em alguns casos, o contra-reembolso ainda é muito usada. Em Espanha não existe a referência multibanco; a maior taxa de utilização é de Visa e PayPal.
Como estamos atentos ao mercado, começamos a ver cada vez mais lojas online espanholas a atuar no mercado português. Têm a vantagem de o IVA em Espanha ser mais reduzido e de não pagarem a percentagem ao importador local, o que lhes permite praticar preços mais baixos, mantendo a qualidade dos produtos.
VM: Alguma ferramenta ou estratégia que tenhas implementado recentemente que tenha tido muito sucesso e que possas partilhar connosco?
LC: No nosso caso fez grande diferença a estratégia de SEO que adotamos na nossa primeira loja online. Como vendemos produtos de marcas – como Avène, por exemplo – percebemos que a procura dos clientes é por marca, e não por nome ou categoria do produto.
Assim, criamos páginas com keywords específicas para essas páginas de cada marca. Depois de os utilizadores entrarem nessa página, têm acesso à oferta da marca e podem navegar mais profundamente dentro da loja online.
Já no nosso novo negócio, compreendemos que as pessoas procuram por ingredientes (vitamina A, Ómega 3, por exemplo) e estamos a desenvolver conteúdos nesse sentido, para irmos ao encontro das pesquisas dos clientes. O nosso negócio não “vive” somente das redes sociais, passa muito pelo Google, principalmente, pesquisas orgânicas.
VM: Como é que as pessoas se podem ligar a ti, para irem acompanhando o teu percurso e os teus projetos?
LC: Quem quiser pode juntar-se à minha rede profissional, no LinkedIn!