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Ecommerce à Quarta – Edição #25 – Logística para ecommerce

Neste episódio a solo, a Vera esteve a falar sobre logística para ecommerce. A logística representa uma grande parte da estratégia de ecommerce e está presente em várias fases da cadeia de valor e do contacto com o cliente. Pode ver no Youtube, ouvir no Soundcloud, Spotify ou outras plataformas de áudio.

Vera Maia: Bem-vindos a mais um Ecommerce à quarta! Desta vez, volto a estar sozinha. Espero que estejam a acompanhar desse lado os nossos episódios. Nós queremos mesmo que seja conteúdo que seja útil para vocês, portanto, partilhem connosco o que é que vocês gostavam de saber mais sobre ecommerce. E, claro, subscrevam a nossa newsletter, porque temos muitas, muitas novidades a chegar.

Então, esta semana quero-vos falar sobre logística, logística para ecommerce. É uma questão que nos colocam frequentemente, principalmente negócios que estão numa fase de escalar e querem saber como é que podem melhorar a sua estrutura logística e, claro, também melhorar a sua estratégia de transportes. Provavelmente, transportes deixaremos para uma outra conversa. Hoje, vamos nos focar efetivamente na estrutura logística e no que é que vocês devem ter em consideração num negócio de ecommerce para realmente conseguirem alcançar o sucesso. E quando dizemos o sucesso, claro que ele é relativo para cada um de nós, mas o importante é nós percebermos exatamente o que é que nós podemos fazer para melhorar a nossa estratégia logística.

Então, vamos começar aqui por alguns fatores-chave, até porque a logística representa uma grande parte da nossa estratégia de ecommerce. Se nós temos produto próprio, produto acabado, portanto já preparado para enviar ao cliente, nós temos que o armazenar e preparar para enviar. Se nós vamos trabalhar com matérias primas, também temos que as armazenar e temos que garantir que elas não se misturam para que não haja desperdício em termos de matérias primas. Se trabalharmos com dropshipping, embora não sejamos nós a stockar e armazenar, o nosso fornecedor é que vai fazer esse trabalho, mas nós depois queremos garantir que o produto chega em condições ao nosso cliente e cumpre com a promessa que nós estabelecemos previamente com o nosso cliente.

Portanto, a logística está presente em várias fases da cadeia de valor, do contacto com o cliente, de entregarmos a nossa promessa ao cliente. Por isso, é muito relevante pensar sempre na sua estratégia logística. Então, aqui alguns fatores-chave para ter em consideração. Poderá ter uma logística interna, portanto pode trabalhar com uma logística própria. Isso é a maior parte dos negócios com os quais nós temos projetos de consultoria ou até alunos nossos nos dizem que têm logística própria.

Isto é muito normal porque embora exista oferta de third party logistics em Portugal, portanto terceirizar a nossa logística, existe efetivamente oferta. A verdade é que a maior parte dos negócios de pequena e média dimensão não está preparado para trabalhar com logística externa ou nunca pensou nisso, nunca pensou nessa hipótese. O objetivo aqui também é mostrar as opções que existem, oportunidades para explorar, podem experimentar e podem avaliar, acima de tudo, podem avaliar. Então, podem trabalhar com logística interna ou externa.

Depois, também é importante perceber qual é o modelo de negócio, porque se for um negócio business to business, provavelmente a forma de organização da logística e da preparação das encomendas e até de expedição vai ser diferente de uma logística business to consumer. Porque na logística business to business trabalhamos mais à caixa, à palete e na logística para consumidor final vamos trabalhar mais a unidade ou SKU.

Portanto, dependendo do nosso modelo de negócio, de quem é que é nosso cliente, em quanto tempo é que ele tem de receber o produto, se é um produto acabado ou não… Também vai mover aqui a nossa estratégia logística. Portanto, são algumas perguntas que deve colocar a si próprio antes de avançar com seja qual for a estratégia.

Depois claro que normalmente numa logística para consumidor final, vamos focar nesta e vamos focar naquilo que é necessário ter em consideração para estruturar a nossa logística de forma a que responda mais rapidamente às necessidades, ou seja, consigam preparar encomendas mais rapidamente, consigam ter um stock mais assertivo, consigam ter sistemas que suportem a estratégia. Portanto, o que devem ter em primeiro lugar em consideração?

Normalmente, numa logística para consumidor final, nós temos efetivamente o armazenamento ao SKU, portanto stock keeping unit e isso vai fazer com que seja necessário nós termos estrutura na nossa logística. Portanto, nós vamos ter que ter estruturas logísticas, prateleiras, tudo para armazenamento. E normalmente também teremos localizações que podem ser maiores ou menores, dependendo do produto que estamos aqui a comercializar.

O que são as localizações? As localizações vão ser identificadores daquele espaço em armazém e esse identificador vai nos permitir relacionar depois com o produto que nós vamos colocar nesse espaço. Portanto, convém nós termos localizadores, mesmo que o nosso armazém seja uma organização visual, ou seja, não é uma organização por sistema. Daqui a pouco já falo qual é a diferença. Mesmo que não seja uma organização em sistema, seja visual, devemos ter localizações, porque isso é o que nos vai ajudar efetivamente a garantir que eu consigo organizar o meu armazém, que consigo criar um layout onde eu possa colocar os meus produtos e que facilmente qualquer pessoa consiga dar resposta à necessidade, ou seja, fazer o picking, fazer o levantamento do produto em prateleira, coloca-lo depois numa caixa para exposição, etc.

Portanto, quanto mais estruturado for a nossa estratégia logística, mais fácil será escalar. Isto porquê? Porque se eu tenho uma pessoa a preparar encomendas e no dia seguinte tenho um boom de encomendas, e preciso preparar 200 em vez de 100, então vai ser muito mais fácil se eu tiver essa estrutura bem montada, visual e consiga facilmente aceder àquilo que eu preciso de ir buscar efetivamente às prateleiras.

Portanto, dependendo do produto que temos, convém estruturar o nosso espaço, nosso espaço ao nível do chão. Como se trata de uma estratégia B2C, à unidade, em que vamos recolher cada produto da prateleira e colocar numa embalagem para expedir. Também é muito importante, além das localizações, ter caixas ou estruturas que sejam específicas para receber aquele material que vamos lá colocar. É diferente colocarmos caixas de canetas e caixas de livros de caixas de roupa. Portanto, convém nós adaptarmos e até não precisamos de gastar imenso dinheiro. Qualquer espaço pode ser um espaço de logística, desde que preparem no convenientemente e desde que coloquem efetivamente tudo o que precisam para conseguirem funcionar. Portanto, o ideal primeiro é testar estruturas e espaço e depois, sim, decidirem avançar para investimentos maiores.

Se for uma logística de grande dimensão, com muitas referências muito espaço até que seja necessário, poderão ter depois carrinhos de suporte para levantar as encomendas. Existem imensas opções na logística que vocês podem usar para otimizar, crescer, melhorar toda a nossa estratégia logística. Mas numa fase inicial, comecem com o básico, na construção do espaço que seria o espaço ideal. Ainda dentro deste espaço e na organização que terão, imaginem que têm prateleiras e corredores de produtos, é importante darem espaço para que as pessoas possam circular nesses corredores. É importante identificar não só as localizações, mas também identificar os corredores.

Um exemplo prático, provavelmente todos nós já visitamos o armazém do Ikea, é um ótimo exemplo de organização visual. Nós conseguimos facilmente nos deslocar depois de identificarmos nos produtos que estão em exposição, qual é que é a localização de cada produto e conseguimos muito facilmente nos deslocar, fazer levantamento de produtos, levar para o carrinho… Todo este processo é super simplificado e é exatamente o que vocês devem começar por fazer num armazém com organização mais visual.

É também importante fazerem inventários de forma recorrente, porque a não ser que trabalhem com estratégias um bocadinho mais avançadas – e falarei sobre elas mais à frente, para irmos do mais manual para o mais otimizado – a não ser que vocês já tenham uma estratégia super otimizada e com sistemas, é muito importante que vocês façam inventários com alguma frequência, podendo ser mensal, semestral aquilo que faça mais sentido para o vosso negócio. Mas é importante vocês irem fazendo inventários, nem que seja por áreas, por secções, por categorias, para garantir que não há falhas de stock, para garantir que não há erros na contagem de stock, que não há defeitos de produtos que estejam defeituosos e que estejam ainda disponíveis em sistema e depois não conseguem expedir ao cliente e também não conseguem retirá-los do stock porque eles estão ali naquele espaço físico. Por isso, é muito relevante vocês terem isto em consideração e terem alguma recorrência de inventário, de estratégia de verificação de inventário.

Em alternativa, se vocês estiverem já numa estratégia mais avançada em que está no momento em que podem colocar tudo em sistemas, em que podem investir em WMS, gerir o stock num sistema mais apropriado, podem também evoluir para o sistema RFID. É um sistema em que vocês colocam uma pequena etiqueta em cada produto. Cada produto passa a ter um código identificador único através do RFID, com as antenas RFID que colocam dentro do armazém. Conseguem fazer contagem de stock em tempo real porque o próprio sistema o permite.

Claro está, isto tem custos, tem custos adicionais para quem está num início de negócio, por exemplo. Até para quem já tem o negócio mais evoluído, mas tem poucas falhas de stock pode não fazer sentido. É muito importante avaliar qual é que a estratégia certa para o negócio no momento certo e poderá fazer sentido para vocês ou não fazer este investimento. Mas é algo muito interessante, algo que para muitos negócios que tem falhas de stock, tem perda de stock, tem poucos recursos humanos alocados ao projeto, é uma das formas de gerir então o seu stock e controlarem o seu stock.

Então, neste momento, já falamos sobre todas as estruturas. Podem ser prateleiras, pode ser o que faça mais sentido para vocês. Muito importante é identificar cada prateleira e depois identifica-la no vosso sistema de stock. Pode ser num Excel, pode ser num sistema de backoffice da loja online para identificar onde está aquele produto, pode ser no vosso sistema WMS. Portanto, há aqui várias opções, dependendo da fase do vosso negócio online. Mas é importante que esteja identificado.

Isto porquê? Porque no momento em que fizer não só a distribuição do stock – que vai ter que o colocar também nas prateleiras – mas também no momento em que recolher stock para enviar ao cliente vai indicar ao sistema que removeu aquele stock da localização ou que colocou aquele stock na localização. Isso permite uma atualização em tempo real das movimentações de stock, pode movimentar dentro do armazém, pode aproveitar espaços que estejam vazios para colocar produtos que não têm que ser da mesma família ou que não têm de ser da mesma referência. Pode misturar tudo em armazém, porque o sistema irá indicar onde é que está, cada produto, em cada localização e vai ser muito mais fácil durante o processo de expedição, ou seja, o processo de picking.

Claro que aqui também estou a recomendar que haja um sistema de código de barras que vocês possam picar com um leitor de código de barras. É algo relativamente acessível, não é difícil de implementar, nem sequer códigos de barras é difícil de implementar. Terá um custo, mas é algo muito interessante. É muito importante vocês terem estes identificadores únicos, principalmente o EAN, porque é um código identificador universal que podem adquirir para os vossos produtos e quando venderem para outros revendedores, por exemplo, ou quando comprarem de outros revendedores, podem incluir os EANs deles no vosso sistema, ou ainda quando fazem campanhas de Google Shopping e são pedidos códigos identificadores únicos ou até a inclusão dos vossos produtos numa Amazon, num marketplace… Terão sempre uma grande vantagem.

Por isso, recomendo efetivamente. É um ligeiro custo que vocês têm em cada produto, mas é super recomendado para garantirem que conseguem manter a rastreabilidade do produto e a fiabilidade de toda a informação, além, claro, de todas as vantagens que já mencionei em termos de marketplaces e tudo isso. Portanto, recomendo mesmo que pense em ter EANs nos seus produtos, ter os códigos de barras ou utilizar os códigos de barras dos produtos que vende, porque efetivamente existem muitos negócios que recebem o produto, porque são revendedores, mas não utilizam esses códigos, porque acham que não lhes são vantajoso. Acreditem que é vantajoso, porque eles entram no sistema de codificação internacional que pode ser utilizado em qualquer sistema, portanto, é super recomendado.

Então, se eu já tenho uma estrutura montada, já tenho identificação de localizações, já consigo gerir o stock de forma mais organizada, já faço inventários… O que é que eu posso fazer também a seguir para otimizar? Antes até de investir em sistemas muito mais complexos, com projetos mais avançados. Eu posso também definir a minha organização de armazém com uma estratégia ABC. Ou seja, eu vou colocar mais perto da porta os produtos A, os produtos com maior rotatividade que as pessoas mais compram, os nossos tops de vendas, o nosso pão com manteiga, portanto, vou colocar aí esses produtos. que não têm que ser uma referência.

Vamos focar em colocar mais perto da porta, por uma questão de otimização de tempo, os produtos com maior potencial de venda e por aí fora, os Bs e os Cs mais atrás, em armazém. O layout do vosso armazém também vai ser algo muito importante. Convém vocês terem uma zona de entrada de mercadoria, seja mercadoria para dar entrada em stock, seja entrada de devoluções de clientes que tem que haver controle de qualidade, seja na saída de produtos que vão para envio a cliente.

E é muito importante também ter um espaço de preparação de encomendas, porque vocês têm que pensar que vai chegar uma encomenda, eu vou ter um documento qualquer que me diz que aquela encomenda é para aquele cliente, eu vou preparar aquela encomenda. Eu recomendo que façam isto em ciclos únicos ou preparação, encomenda, encomenda ou picking em multipicking, portanto, para várias encomendas em simultâneo e depois preparação da encomenda, finalização uma a uma. Mas é tudo uma questão de contagem de tempos.

Isto tem a ver com a minha experiência, com o facto ter trabalhado com pessoas muito especialistas em logística, que me ensinaram muito. O facto de ter feito formação específica também no Instituto Kaizen, que também nos podem ensinar muito sobre como é que podemos montar uma estratégia logística para o nosso negócio de ecommerce. Portanto, as melhores práticas indicam que o ideal é nós fazermos preparação, encomenda a encomenda, para evitar erros, para evitar desperdício de tempo, para evitar até trocas de produtos em sistema.

Mas nada como medir tempos. Eu diria que a melhor forma de nós otimizarmos a nossa logística, de sermos mais rápidos, sermos mais específicos a conseguir fazer chegar melhor o nosso produto ao nosso cliente com a qualidade que nós queremos é medirmos os tempos dentro da nossa logística. Perceber efetivamente quanto tempo é que demora a preparar uma encomenda com o processo A e se mudar para o processo B quanto tempo é que eu demoro então a preparar esta encomenda?

Quantas encomendas o operador logístico consegue prepara? Quanto tempo demora a fazê-las? A que horas do dia é que eu estou a preparar encomendas? Será que eu consigo otimizar isto para ser mais próximo do horário de chegada da transportadora e otimizar isso de forma a que eu consiga entregar mais encomendas? Se eu tiver, por exemplo, um boom de encomendas e estiver com dificuldade na preparação, será que eu consigo preparar mais encomendas em simultâneo? Há aqui várias oportunidades que podem efetivamente explorar com a contagem de tempos, com a contabilização de de tempos. Por muito que hajam muitas estratégias possíveis em logística, só no terreno é que nós conseguimos efetivamente provar se A ou B é o melhor cenário.

Juntamente com isto então, precisam de ter um espaço para preparação das encomendas. Este espaço contém normalmente um computador, uma impressora A4, uma etiquetadora que pode ser ou não disponibilizada pela transportadora. Depende do serviço que vocês tenham, depende se tem integração ou não com a transportadora. Aqui há vários fatores que vão definir se tem ou não a possibilidade de ter uma etiquetadora da transportadora.

E terão que ter os materiais de embalamento. Portanto, as vossas caixas, a fita cola… Todos os materiais que precisam devem estar num espaço muito curto, num espaço de movimentação muito curto para vocês poderem rececionar a mercadoria, para preparar, colocar em caixa, fechar a caixa, imprimir fatura ou outra documentação, possa acompanhar ou não a encomenda e depositá-la num local para aquela transportadora. Se tiverem várias transportadoras, então poderem utilizar aqui uma ou várias e poderem depositar de acordo com as transportadoras.

Também podem otimizar o vosso processo logístico com a preparação de encomendas de acordo com os horários das chegadas das transportadoras, como já mencionei há pouco. Imaginem que a transportadora chega até ao meio dia e otimizam a preparação das encomendas da manhã de forma muito mais assertiva para conseguirem fazer chegar as encomendas aos vossos clientes.

Ainda dentro do layout de armazém é muito importante terem um local para a receção das devoluções – mencionei já há pouco, mas reforço – e controlo de qualidade destas devoluções para que elas não entrem novamente no sistema, não sejam produtos que possam estar danificados e que possam entrar novamente no circuito e vão ter a outro cliente.

Muito cuidado com isto. Muitas vezes, os clientes devolvem e não nos indicam o motivo, simplesmente devolvem. Não se sentem confortáveis, não querem dizer o motivo… E depois nós perdemos efetivamente a oportunidade de perceber se houve um problema com aquilo, se houve um defeito, alguma coisa que fez com que o cliente não gostasse daquela encomenda. Por isso, reforço, tenham isso em consideração, avaliem as devoluções, façam um controle de qualidade das devoluções para garantirem que conseguem ter a melhor entrega possível ao vosso cliente.

Agora, uma outra questão que também colocam muitas vezes: então como é que eu faço a gestão de stocks se eu não tenho armazém? Se eu uso, por exemplo, stock da minha loja física. Ou se tenho stock noutros armazéns de terceiros e são eles que me expedem ao cliente ou eles enviam para o meu armazém central. Então, são cenários diferentes e nós temos que avaliar quais são as estruturas corretas para nós nesses cenários.

Claro que cada caso é um caso. Há negócios que conseguem enviar diretamente da loja física ao consumidor final. Há negócios que não conseguem. Há muitas condicionantes, mais uma vez, só avaliando cada um dos projetos é que podemos traçar um plano e definir efetivamente quais é que são as regras que vamos cumprir neste projeto. Mas nesses casos, nos casos em que nós não temos o stock todo centralizado ou que temos apenas parte ou apenas uma pequena parte, seja qual for esse cenário, o ideal é trabalharmos com margens de segurança nos nossos armazéns virtuais.

Ou seja, o nosso sistema vai permitir usarmos o stock das lojas físicas. No entanto, vai ter que nos permitir gerir armazéns, principalmente virtuais. Não têm que ser físicos. Portanto, o que é que isso significa? Existe um stock. Este stock está guardado para a loja online ou é o stock global da empresa e trabalhamos com margens de segurança. Se eu tiver três produtos, imaginem a loja online só vê um. Isto dificulta-nos quando nós queremos vender produtos de mais alto valor, temos menos unidades ou pontas em tamanhos de roupa e calçado, mas, por outro lado, temos a vantagem de eu não vou prejudicar o meu cliente que está a comprar online. Porque eu posso ter alguém na loja física com o produto na mão, a pagar em caixa e na loja online estar a acontecer a mesma coisa. E claro que o cliente na loja física vai levar aquele produto, porque ele estava com ele na mão. Ninguém o vai impedir de comprar e sair da loja com ele. Por isso, é muito importante nós percebermos que pode ser estratégico nós perdermos um pouco a oportunidade de vender para cumprir e respeitar aquilo que foi a nossa promessa que demos ao nosso cliente. Este equilíbrio é bastante importante.

Se nós trabalharmos num modelo em que nós não temos stock centralizado, nós vamos trabalhar com parceiros externos ou vamos trabalhar com lojas físicas ou outros armazéns da empresa. Então, muito cuidado com esta questão do stock. Se vamos trazer ao nosso armazém central, o ideal é termos sistemas que dão suporte a isto. É muito complexo nós estarmos a fazer encomendas manuais, ir às lojas, trazer, preparar, enviar. Tudo isto leva a muito desperdício de tempo, a muitos recursos humanos alocados, há uma complexidade muito grande que pode estar por trás disto. E aí o sistema, desde que seja otimizado, vai ajudar-nos.

Normalmente este sistema, além das encomendas nas lojas físicas, também pode gerir todo o processo de encomendas na loja online, integrar com transportadoras, fazer envio de emails automáticos aos meus clientes, notificações. Este sistema é o OMS: Order Management System. É um sistema que nós usamos na Shaeco, para maior otimização do processo, para preparação mais rápida de cada encomenda. Portanto, nós conseguimos muito rapidamente preparar uma encomenda. Basta acedermos ao sistema, indicar que vamos fazer separação daquela encomenda, colocarmos os produtos dentro da caixa e carregar num único botão.

E nesse momento, o que acontece é que é emitida a carta de porte, emitida a fatura e podemos preparar a encomenda para ser enviada. A transportadora já receberá essa informação, já será notificada e temos transportadoras que diariamente têm a recolha agendada no nosso escritório para levarem as encomendas para chegarem até aos nossos clientes. Portanto, estes processos automatizados permitem-nos preparar encomendas muito rapidamente, muito facilmente. Permite-nos escalar o nosso negócio. É indiferente para nós preparar 10 encomendas ou 100 encomendas no mesmo dia, porque temos a capacidade de escalar rapidamente, porque temos este sistema por trás.

Caso não tenha este sistema mais integrado, que não tem a ver só com logística, mas também com a área de transportes, terá que emitir cartas de porte à mão e eventualmente emitir faturas manualmente também, o que vai atrasar um pouco mais o processo. Claro que se está numa fase inicial do lançamento da sua loja online é assim que tem que fazer. Tem que colocar as mãos na massa, fazer o exercício diário de perceber quais são os processos que depois podem ser automatizados com sistemas por trás.

Por isso, muito importante pensar que quando quiser escalar a loja online não tem que escalar com mais pessoas. Os recursos humanos são essenciais para prestar um bom serviço, mas são mais importantes no atendimento ao cliente do que propriamente a contabilizar stocks ou a verificar se o stock está correto ou a fazer encomendas de stocks a lojas físicas. Aproveite o que os sistemas podem dar quando assim o tem. Quando tem essa oportunidade, aproveite isso que pode fazer na sua loja online.

Claro que é sempre difícil encontrar um equilíbrio quando falamos sobre logística. Porque há muitos negócios diferentes. Há muitas estratégias de logística diferentes e falei aqui bastante sobre a estratégia B2C e sobre logística própria. Mas, claro está, também podem ir à procura de um parceiro externo que vos pode dar uma ótima oportunidade de escalar o vosso negócio.

Para isso, o que é que vocês devem pensar? O que eu quero que este parceiro faça? Quais são os processos, os procedimentos que ele terá que fazer? Qual é que é o stock que ele terá que armazenar? Em quanto tempo? Qual é a rotação deste stock? E depois avaliar em conjunto todos os procedimentos, claro está. E o preço, porque vai ter provavelmente dois custos, um custo fixo que dirá respeito ao stock que tem e é em metros cúbicos. Maior parte das vezes é em metros cúbicos, que é um espaço que se ocupa e depois terá custos variáveis que dizem respeito à preparação das encomendas, à exposição, ao retrabalho nas devoluções, caso exista, controlo de qualidade. Portanto, há aqui várias variáveis que deve considerar se for trabalhar com parecer externo.

É muito importante sempre pensar que se vou trabalhar com um parceiro externo tem que ser uma parceria de longo prazo. Não faz muito sentido fazer isto num ano e depois no ano seguinte, deslocar o seu stock todo. Pode ser uma dor de cabeça, fazer novos inventários, deslocar todos os produtos para outro sítio, pensar numa nova localização. Então pense numa estratégia a cinco anos, cinco a sete anos, quando pensa em colocar a sua logística externamente.

E, na verdade, já trabalhamos com muitos clientes que preferiram essa opção. Porquê? Porque normalmente são negócios business to business que começaram dessa forma e que evoluíram sempre dentro do B2B. Ou seja, imaginem produtos têxteis lar em que havia uma encomenda à produção, era feita uma encomenda, era feita uma produção e era enviada ao cliente e que nunca há stock disponível, armazenado, guardado em lado nenhum na empresa. Quando passa para um negócio em que trabalham com o stock com produto acabado, muitas vezes preferem passar a ter logística externa, ter um parceiro onde possa armazenar o stock, onde possa fazer toda a preparação e não ter que ser responsável internamente por toda esta gestão, porque sabe que tem diversos canais e que um canal B2B, vendo um stock disponível, pode rapidamente querer adquirir a stock.

Portanto, também vai depender da forma como tem uma estratégia de sistemas, se tem totalmente visibilidade do stock de todos, se há stocks que não estão visíveis para toda a gente. Tudo depende da estratégia que vai definir para o seu negócio de ecommerce. E é verdade, muitas vezes as pessoas não veem a logística como algo fundamental para o ecommerce, mas a verdade é que, porque é no momento em que nós preparamos encomendas que nós vamos efetivamente realizar o desejo no cliente. É que nós vamos mostrar-lhe que o nosso produto é bom, que tem qualidade, que chega da forma correta.

Portanto, se nós dermos uma experiência negativa ao nosso cliente, nós vamos perdê-lo numa encomenda seguinte. Se ele não receber atempadamente, imaginem que é um presente, ele não recebe a encomenda ou a encomenda não vai bem embalada e se estraga pelo caminho. E há muitos, muitos fatores que levam a que um cliente se fideliza ou não, tem uma boa experiência ou não. E sem dúvida que a logística é um destes fatores.

Gostava muito ainda de vos mostrar aqui algumas formas como nós trabalhamos. Eu vou adicionar aqui mais algum conteúdo, mas vai ser um conteúdo que já estava previamente gravado e que eu vou adicionar. E é para vos mostrar efetivamente como é que funciona a nossa estratégia em termos de preparação e expedição de encomendas, porque eu acho que pode ajudar muito a percecionar aquilo que podem fazer no vosso futuro enquanto negócio de ecommerce, enquanto gestores de ecommerce ou enquanto donos de negócios.

Obrigada por estarem desse lado. Espero receber feedback da vossa parte. Gostava mesmo muito que partilhassem connosco quais são os temas que vocês gostavam que nós explorássemos. Para quem está na nossa base de dados de email, terá uma surpresa enorme que estamos a preparar para o dia 1 de setembro. Por favor, registem-se na nossa base de dados de email, porque garantidamente vão ter uma surpresa ótima. Vão ter mais conteúdo ainda, vão ter mais oportunidade de conhecer melhor o mundo do ecommerce caso queiram lançar uma loja, caso queiram otimizar o vosso negócio. Por isso, subscrevam a newsletter, coloquemos as vossas questões, dêem-nos feedback. Estamos cá para colaborar convosco o máximo possível. Até para a semana!