Ecommerce à Quarta – Edição #23 – Como vender os seus produtos em marketplaces
Nesta edição, a Vera e a Sónia estiveram a debater o tema “Como vender os seus produtos em marketplaces”. Pode ver no Youtube, ouvir no Spotify, Soundcloud e outras plataformas de áudio.
Vera Maia (VM): Bem-vindos a mais um Ecommerce à quarta! Hoje vamos falar sobre como vender os seus produtos em marketplaces. É uma pergunta que nos fazem de forma recorrente. Há muita gente a querer iniciar a venda de produtos em marketplaces e querem saber mais sobre como é que isso funciona. Então, hoje vamos falar sobre isso.
Sónia Costa (SC): Acho que é muito importante, realmente. Posso começar por lançar aqui um disclaimer, chamemos-lhe assim, que é o facto de cada marketplace ter uma lista de requisitos. Ou seja, tem de existir uma preparação dos nossos produtos para serem colocados no marketplace e todos os marketplaces são diferentes. Portanto, se nós já vendermos num, não vamos vender exatamente da mesma forma noutro. Temos aqui que trabalhar os requisitos de cada marketplace e nós já passámos por isso na Shaeco, não foi?
VM: Sim, nós quando abrimos a Shaeco, começamos logo a vender em múltiplos marketplaces. Aqueles que eram mais conhecidos, uns que eram menos conhecidos… E depois acabamos por retirar os produtos da maior parte deles. Mas isso eu já explico porquê e quais é que são também as dificuldades. Também é importante nós sabermos não só o que é bom, mas também o que é mais complicado.
Como disseste e muito bem, é preciso cumprir uma lista de requisitos e cada marketplace funciona de forma diferente. Até ia começar um bocadinho atrás, porque se calhar algumas das pessoas que nos seguem não sabem o que é um marketplace e como é que funciona. Então, que requisitos é que temos que cumprir para entrar nos marketplaces antes ainda de colocarmos lá os nossos produtos à venda?
Em primeiro lugar, é preciso analisar qual é o marketplace em que nós vamos vender os nossos produtos. Portanto, existem vários marketplaces. O que é um marketplace? É um sítio onde vocês colocam os nossos produtos à venda, que não vos obriga propriamente a vocês terem uma loja. Vocês abrem uma conta como na Amazon, em Portugal, temos a Worten, temos a Fnac, são os mais conhecidos e depois temos, claro, a Amazon, eBay e os grandes mundiais Walmart, o Mercado Livre, existem vários.
A grande vantagem é que realmente vocês não têm de criar uma loja online própria. Vocês colocam os vossos produtos à venda nessa loja depois de conseguirem passar todos os passos e efetivamente há aqui vários passos a percorrer. Nomeadamente no que diz respeito à abertura de conta e dependendo do número de produtos, alguns marketplaces até aceitam que não seja uma empresa a vender.
No entanto, é sempre preciso passar por um processo de contratação, seja um contrato digital, seja um contrato efetivamente assinado. Vocês têm que, ao abrir a conta, passar por um processo de contrato, por validação dos dados. Estamos aqui a falar em coisas sérias como contas bancárias, como informação de IVA, etc. Portanto, estamos aqui a falar de uma série de passos que não é de um dia para o outro, provavelmente, que vocês vão logo começar a vender. É só uma questão de vocês perceberem isto e preparam-se para isso.
Também é importante perceber que cada marketplace é diferente, como a Sónia disse, em termos de requisitos, mas também até em próprio modelo de negócio. Alguns podem guardar stock, como é o caso da Amazon, que conseguem usar o modelo de logística da Amazon e guardar lá stock, ou então não, e vocês enviam diretamente ao cliente. Também existem percentagens diferentes que eles cobram, e isso é muito importante vocês saberem previamente antes de iniciarem qualquer projeto com o marketplace. Portanto, preparem-se bem e depois decidam onde é que querem investir e colocar os vossos produtos à venda.
SC: Sim, queria aproveitar que disseste aqui uma coisa muito importante, que é quando nós colocamos os nossos produtos à venda no Marketplace, não nos podemos esquecer que o marketplace irá receber uma percentagem da sua margem a cada venda efetuada. Portanto, temos também que ter isto em consideração e também uma coisa que existe no marketplace que é pode até começar a existir aqui um conflito de preços, caso vocês tenham a vossa própria loja online. Os preços do marketplace podem aqui entrar em conflito com os preços da loja online. Por isso, esta questão dos preços exige aqui uma gestão também cuidada.
VM: Sim. Até porque também pode acontecer outra coisa, nós vendermos produtos que não sejamos nós os donos deles. Nós podemos ser revendedores de alguns produtos e nada nos impede de nós vendermos estes produtos no marketplace, dando a margem que tivermos que dar. Mas se nós estivermos a vender os mesmos produtos que outras pessoas também estejam ou que outros negócios também estejam, é importante perceber a que preço é que vamos vender, tendo em consideração todo o processo de envio, todo o processo logístico, custos de transporte, tudo isso.
Estar em múltiplos canais em simultâneo traz esse desafio, eu conseguir praticar o mesmo preço em todos os canais e praticar uma entrega de qualidade em todos os canais, temos que ter isso em consideração.
Depois há aqui outra questão. Cada marketplace tem os seus requisitos ao nível, por exemplo, dos conteúdos dos produtos. Vai ser necessário preencher uma folha, eventualmente, um documento, ou até fazer a ligação direta do vosso sistema ao sistema do marketplace para passar toda a informação do produto. Nome, descrição, as imagens, tudo isso vocês têm que ter em consideração, porque é a única forma de vocês colocar os produtos à venda. Com os conteúdos, com os preços, com os stocks disponíveis também.
Por isso, tudo isto vai ser um trabalho que têm que executar, podendo existir algumas vantagens se usarem plataformas tecnológicas. Existem algumas plataformas que vos permitem colocar tudo num sítio só, funciona como uma base de dados intermédia, em que vocês colocam os vossos conteúdos num sítio único e depois eles distribuem por várias marketplaces. Pode ser uma solução que vocês podem usufruir também.
SC: Sim, estavas a dizer aqui uma coisa muito interessante que é a integração da loja online com o marketplace. Mas isso tem alguns requisitos, não é? Não se consegue fazer uma integração da loja com o marketplace, se a nossa loja não estiver preparada para isso.
VM: Exato. Se nós usarmos algumas tecnologias que já têm essa integração de base, conseguimos resolver. E aí é o ideal, porque assim eu passo a mesma informação que tenho na minha loja, os preços, as campanhas, toda a informação. Se calhar depois posso ter de preencher alguma adicional que o marketplace peça, mas envio a maior parte diretamente pela integração com a minha loja.
Se não existir, então eu vou ter que tentar contratualizar esses parceiros, que existem vários no mercado e eu posso integrar com o parceiro antes de integrar com o marketplace. Assim, tenho a possibilidade de distribuir num sítio só para vários, em vez de ter que fazer uma integração com a Amazon, outra integração com o eBay, outra integração… Temos estas opções que existem no mercado, que distribuem e que até agilizam um bocadinho o contacto com cada marketplace a nível de contratação, mas de contratualização. Mas atenção, a contratualização é sempre feita pela marca juntamente do marketplace. Estes intermediários assumem um papel apenas em termos de integração de informação. Isso também é bastante relevante.
SC: Sim, eu estava aqui a querer acrescentar que quando nós estamos a escolher o marketplace, onde vamos estar presentes, não temos que escolher só um, por exemplo. Podemos pesquisar alguns marketplaces, tendo em conta, obviamente, em quais os nossos potenciais clientes poderão comprar. E os marketplaces, penso que é uma questão interessante a referir, podem ser uma forma interessante de entrar em certos mercados internacionais, não é?
VM: Sim, sem dúvida. É uma oportunidade boa para nós testarmos alguns mercados, para percebermos se há interesse ou não por parte do potencial cliente. O ideal, se quisermos fazer esse teste, o que eu recomendo é que vocês optem por colocar nos marketplaces os produtos que vocês nunca têm falha de stock, que estão garantidos, que são certos, porque aí vocês vão entregar o melhor que têm ao cliente. E depois do cliente experimentar, pode ser que tenha uma boa experiência e que mantenha a relação com a vossa marca. Mas isso é fundamental, porque os marketplaces também têm uma questão muito importante que é o serviço ao cliente, e aqui a Amazon teve um papel fundamental na standardização deste serviço. E quando nós dizemos que entregamos em três ou quatro dias, nós temos mesmo que entregar em três ou quatro dias. Nós temos mesmo que entregar aquela qualidade, se não é muito fácil vos cancelarem a conta.
Existem negócios de milhões que vivem dentro de marketplaces, só que estão agarrados a um canal que se corra alguma coisa mal – e que às vezes são duas ou três encomendas, porque aquilo é por percentagem de envios – nós podemos deixar de ter a conta ativa. E nós já vimos casos desses infelizmente e essas pessoas não conseguem recuperar a conta. É quase uma história interminável e não conseguem mesmo recuperar a conta.
Por isso, muito cuidado com isso, ter um bom stock, ter bom produto atualizado, ter os preços atualizados, que é para termos a certeza que o que chega ao nosso cliente é o melhor que temos para entregar efetivamente.
SC: Sim, por isso, se calhar pode ser interessante vender em marketplaces, mas talvez não vender só em marketplaces, ou seja, a longo prazo também apostarmos, sem dúvida, no nosso canal próprio, na nossa loja online própria. Como estavas a dizer e bem, se nós ficarmos com uma dependência absoluta da nossa presença neste marketplace, isto também, para além de podermos perder a nossa conta e todo o trabalho e investimento que ali colocamos, também pode reduzir as nossas possibilidades de crescermos enquanto uma marca e as pessoas não se habituam de todo a comprar na nossa loja online.
No marketplace, a nossa marca também está colocada lado a lado, com outras empresas, outras marcas, outras pessoas que vendem exatamente aquilo que nós vendemos. Ou seja, estamos aqui lado a lado com os nossos concorrentes. E como tu dizes – e até partilhamos no nosso Minuto eCommerce – a nossa concorrência não é um problema. Neste caso em particular, podemos aqui se calhar entrar um bocadinho todos numa guerra de preços, em que esmagamos demasiado as margens para continuarmos aqui competitivos, sendo que estamos aqui mesmo o lado a lado com o com os nossos concorrentes.
VM: Sim, exatamente. E a verdade é que quando nós fazemos guerra de preços já sabemos o que é que o cliente escolhe. O cliente não vai escolher o serviço, não é? Escolhe o preço. Ele está a ver um produto qualquer e estão ali três ou quatro preços, é normal que vá escolher o que seja mais barato.
E também há outra questão: nos marketplaces nós podemos fazer publicidade e os marketplaces, hoje em dia e cada vez mais, têm motores publicitários bastante fortes, não apenas algoritmos que existem nas plataformas que vão sugerir ao cliente produtos semelhantes, produtos combinados, etc ou produtos que outros clientes compraram, mas também têm publicidade mesmo que nós podemos lá investir. É, por isso, uma das formas de nós conseguirmos colocar os nossos produtos à venda com visibilidade e efetivamente investir em marketing e levar as pessoas lá. Dentro das plataformas e fora, porque também há quem faça anúncios fora, nos outros canais, e leve para dentro da Amazon, do eBay, seja o que for, para comprar.
Aqui podemos ter uma vantagem que é imaginem que eu faço uma gestão de redes sociais da minha marca, faço campanhas Google da minha marca. Mas trabalho a angariação de leads, então se eu angariar leads, aquela lista é minha. Mesmo que o marketplace me feche a porta por algum motivo, aquela lista vai ser sempre minha. Se calhar é um dos pontos que muita gente desvaloriza, porque o vê o marketplace a trazer dinheiro, a trazer muitas vendas, mas depois esquece-se que a base de dados não é sua e que é muito fácil estragar e destruir um negócio quando não é nosso.
E é verdade, a concorrência é muito importante para nós, mas nós também temos que ter alguma coisa que seja só nossa. Nós temos de ter a nossa base de dados, nós temos de ter o nosso negócio e temos que o proteger de alguma forma. Por isso, acho que efetivamente mais crítico que a concorrência, é nós não termos a capacidade de gerir o que é nosso ou pelo menos criar uma base de clientes nossa. Acho que isso é mais relevante.
SC: Sim, e parece-me que não existe, por vezes, essa noção de que nós estamos a abrir mão de ficarmos com a base de dados dos clientes do nosso lado. É quase um bocadinho como aquilo que nós dizemos em relação às redes sociais, nós investimos tudo na presença das redes sociais, mas elas não são nossas. Por isso, nós temos de ter a nossa base de dados de e-mail para conseguirmos comunicar com os nossos seguidores ou, neste caso, subscritores de outra forma. Porque os algoritmos mudam, o Mark Zuckerberg pode fechar o Meta aqui na Europa e nós ficamos realmente sem os nossos seguidores.
Penso que em relação aos marketplaces não há essa noção que realmente nós não estamos aqui a ficar com nenhuma informação do nosso lado em relação aos nossos clientes. Qual é a vantagem também aqui para apresentarmos, como disseste, coisas boas e coisas más. As coisas boas é que estes marketplaces – e, claro, não podemos não mencionar a Amazon – têm grandes base de clientes, ou seja, eles têm um público enorme de consumidores que compram regularmente nesses sites e que estão até fidelizados a esse site. Há pessoas que compram na Amazon, são clientes fidelizados e a Amazon é que tem os seus dados.
Portanto, nós aqui realmente conseguimos colocar a nossa marca, o produto, junto de uma grande audiência que está fidelizada a este Marketplace. Por exemplo, se nós formos uma marca desconhecida, vamos aqui também ter esta credibilidade de vender na Amazon. Lá está, como teve que passar por uma série de requisitos, também já inspira credibilidade a quem está do outro lado. Porque se a marca foi validada por um gigante como a Amazon, obviamente tem aqui alguma credibilidade.
No entanto, e agora eu não resisto a dar aqui a minha alfinetada, há aqui uma questão, por exemplo, um grande marketplace percebe que o nosso produto é realmente muito interessante, muito lucrativo… O marketplace tem aqui recursos à sua disposição que nós não vamos ter, para se calhar começar aqui a monopolizar esse negócio, pois também existe aqui este desafio de estar presente em marketplaces desta grande dimensão.
VM: Sim, e dando um exemplo prático, temos o exemplo da Allbirds (sapatilhas) e a marca há bem pouco tempo entrou em conflito com a Amazon por causa disso, porque eles vendem os produtos deles a cerca de 80 $, 100 $ e a Amazon estava a fazer uma réplica igual mesmo por 40 $. Portanto, estamos aqui a ver que existe uma concorrência mesmo desleal.
Temos toda a Amazon Elements que é tudo o que é cabos, fios, fichas. Já ninguém vende isso a não ser a própria Amazon, porque realmente são produtos de baixo valor que eles conseguem facilmente anexar nas vendas dos clientes e que eles estão a ganhar a totalidade desse valor. Nós temos que também compreender que corremos alguns riscos ao colocar os nossos produtos em marketplaces.
Provavelmente qualquer negócio que nós tenhamos tem risco. Existe sempre o risco da cópia e o risco de fazerem igual aquilo que nós fazemos, encontrarem uma solução para o fazer. Mas nós devemos estar atentos a isso, porque facilmente criamos produtos, fazemos desenvolvimento, evoluímos na tecnologia, que é algo que quem vai fazer réplicas normalmente não faz. A cópia vai sempre estar um passo atrás de nós. Nós temos que estar preparados para isso também, a partir do momento que colocamos o nosso produto cá fora, principalmente numa dimensão tão grande que pode ter efetivamente aqui um marketplace.
Depois também há outra questão: o marketplace muitas vezes vive das reviews. Quando falamos em marketplace, falamos aqui muito do produto até agora, mas, por exemplo, o Airbnb e o Booking, também são marketplaces, em que nós colocamos as nossas casas, os nossos alojamentos, os nossos hotéis, disponíveis para reserva por parte do cliente. Há muita gente que inicia o percurso de navegação dentro dos sites desses pelas reviews. A primeira coisa que faz é filtrar as reviews de seis estrelas para cima e já não vê as outras.
Por isso, nós enquanto comerciantes ou pessoas que vendem nestas plataformas, somos escravos das reviews e do feedback do cliente. Nós devemos incentivar a que o cliente o faça. Atenção que, mais recentemente, começaram a existir algumas fraudes a esse nível, então as próprias plataformas começaram a ser mais rígidas na forma como obtêm essa informação e como a utilizam, ou seja, como valorizam efetivamente isso dentro da plataforma.
No passado, muita gente colocava cupões dentro da caixa para o cliente dar uma review e receber alguma coisa em troca. Nada invalida que o façam, mas é preciso ter algum cuidado para não nos prejudicar. Podem, sem dúvida, comunicar com o cliente através da caixa. Podem pedir para ele fazer parte da vossa base de dados…
Alguns marketplaces controlam isso, na medida do possível. Se forem vocês enviar ao cliente, a não ser que eles façam algumas encomendas teste para perceber se vocês estão a fazer isso ou não, é difícil a plataforma ficar a saber que vocês enviaram uma nota dessas ao cliente. Mas é algo que devem fazer, porque assim garantem que, de alguma forma, ficam com esse registo do vosso lado. Por exemplo, uma extensão de garantia num produto tecnológico, se o cliente se inscrever passa a fazer parte da base de dados e a receber a vossa comunicação, ou recebe uns upgrades, ou pode fazer um upgrade a um software. Este tipo de interações e dinâmicas são importantes para aumentar reviews e para aumentar a base de dados.
Porque, além de claro, vocês terem que trabalhar o SEO dentro das plataformas, o título, a descrição do produto, a imagem, o conteúdo, já sabemos que é isso que atrai o cliente, os preços, stock… Também tenho que trabalhar esta parte de interação com o consumidor ou com o potencial consumidor através do feedback que é dado à vossa marca e dos problemas que resolvem, das soluções que encontram, caso exista uma reclamação. Por isso, é também algo muito relevante que vocês devem considerar quando vendem em marketplaces.
SC: Sim e uma coisa que se pode fazer é, vocês próprios que se querem lançar num marketplace, comprarem aos vossos concorrentes. Ou seja, é uma forma também de vocês verem se os vossos concorrentes têm aqui alguma abordagem desse tipo. Não no sentido de fiscalizar, mas de aprenderem.
Por isso, vocês, depois de identificarem o marketplace onde gostariam de estar presentes, identificam os vossos concorrentes lá e para além de os analisarem – e nós defendemos sempre que tem de existir uma análise da concorrência, porque é importante e nós temos que saber o que é que está a ser feito – podem mesmo efetuar compras, portanto, aos vossos diferentes concorrentes que vendem nesse marketplace e verem como é que a encomenda é tratada, como é que é feito o serviço, o que é que vocês recebem, se é feito algum contacto posterior… É a melhor forma de vocês aprenderem.
Também ficam com a ideia de como é que os vossos clientes serão servidos no futuro, caso façam a compra da vossa marca naquele marketplace. O que é que eles vão esperar também? Portanto, nada melhor do que essas compras de teste também serem feitas por vocês antes de avançar mais. É um verdadeiro estudo de como funciona o marketplace.
VM: Sim e lerem as reviews que foram dadas aos produtos dos concorrentes também é algo muito importante. E até ler comentários nas redes sociais. Qualquer análise de mercado deve ser feita de forma o mais profunda possível, não apenas pelo preço e pelo produto, mas também perceber o que é que o cliente efetivamente está a falar sobre aquela marca, sobre a forma como eles venderam, como é que os produtos chegaram.
Acima de tudo, em mercados em que, por exemplo, estamos a trazer produtos de fora da União Europeia. Por exemplo, quando compramos num Alibaba, num AliExpress, que até há bem pouco tempo era mais fácil e agora temos taxas de importação dentro da Europa… Complica um bocadinho, mas não é impossível, porque há sempre alternativas, mas complica um pouco mais a chegada desses produtos cá. E se eu quero concorrer diretamente com alguém que está a enviar desses mercados com um preço muito baixo, então tenho que me posicionar e tenho que saber exatamente quais são os problemas que o cliente está a passar e as dificuldades.
Nada como comprar, como a Sónia disse, porque vamos vivê-los na primeira pessoa, mas também ver o que as pessoas dizem também nos ajuda a tomar a decisão. E é interessante que agora até já começam a existir grupos no Facebook sobre determinadas coisas. Vou dar o exemplo do Remarkable – que eu tenho um, foi um presente de Natal que me deram – e se formos ao Facebook procurar grupos de Remarkable, há imensa coisa, pessoas a dizerem bem, pessoas a dizerem mal, a experiência que tiveram, se a caneta funciona, como é que funciona…
Portanto, se nós quisermos efetivamente fazer uma análise da nossa concorrência, nós conseguimos por aí fora ir à procura de saber o que é que os clientes dizem, independentemente do canal. Nós estamos aqui focados em marketplaces neste episódio, mas, independentemente do canal, nós felizmente temos muita informação disponível online.
SC: Sim, uma das vantagens do mundo online é que está tudo aberto, é tudo transparente e nós podemos analisar o que as pessoas dizem. Até mesmo quando nós abordarmos certos mercados, já sabemos quais são as objeções. E mesmo os produtos, nós já sabemos o que é que as pessoas privilegiam.
Sem dúvida que as reviews são extremamente importantes e que nós ao lermos o que é dito sobre os outros já estamos a aprender e vemos como não errar. E temos mesmo aqui que entender a força dos grupos, como estavas a dizer, há grupos de tudo e mais alguma coisa que discutem tudo e mais alguma coisa. E também certamente nós podemos aprender ao participar nesses mesmos grupos.
E por falar em aprender, quando estávamos aqui a começar o nosso episódio de hoje, tu disseste que nós ao início vendíamos em muitos marketplaces e depois deixamos de vender. Vamos revelar o porquê?
VM: Claro que sim. Então, eu acho que houve aqui dois motivos essenciais. O primeiro motivo é que nós não temos integração e então a manutenção da informação é extremamente difícil, porque teríamos que ter uma ou mais pessoas dedicadas só a fazer atualização. Por exemplo, nós fazemos packs com desconto, mudamos todos os meses, com produtos diferentes e com preços diferentes …
A manutenção da atualização de informação nos marketplaces, se forem muitos, é dolorosa, porque primeiro tem que ser alguém que o tenha na sua rotina de trabalho. Claro está, poderíamos ter usado um integrador, mas por questões de validação ainda da proposta do negócio e do mercado, nós não quisemos fazer mais investimento a esse nível.
Portanto, acredito que seja um cenário muito comum em muitos negócios, começar pelo mínimo necessário e o mínimo é muito mais stock do que propriamente tecnologia. No caso da Amazon é um bocadinho diferente, porque a Amazon tem um seller central e ele distribui para todas as Amazon’s que eu quiser. Mas aí obrigavam-me também a ter traduções – na Europa, por exemplo, são no mínimo cinco línguas – e a manutenção de tudo isto para a nossa estrutura, na fase em que era e na fase em que está, era dificílimo. Depois também não estávamos a investir em campanhas dentro das plataformas, portanto não tínhamos visibilidade suficiente e não conseguimos ter o foco. Esse foi um dos grandes problemas.
O segundo problema é a areia na engrenagem, como costumo dizer. Como nós não temos o processo integrado, nós sabíamos que caía uma encomenda, porque ela caía por e-mail, mas depois todo o nosso processo que hoje é muito otimizado – em que nós emitimos cartas de porte, emitimos faturas, tudo em simultâneo – era um processo à parte.
Então, quando é um processo à parte, para nós é um problema, porque nos vai bloquear o tempo de preparação de encomendas, o tempo de preparação do stock para envio para B2B e se, por exemplo, o B2B para nós é muito mais relevante enquanto negócio, também acaba por ser uma área de engrenagem, porque o B2B é um processo todo à parte da nossa loja online. É uma encomenda que é manual, que é processada internamente pela área financeira, que depois é que vem para nós, para processarmos a encomenda, para passarmos aqui na logística, para prepararmos o stock e fazermos a expedição. Se isso para nós já é um processo manual, mas é um processo que vale a pena financeiramente, porque estamos a vender em quantidades, então faz sentido. Não faz sentido quando estamos a falar de encomendas uma a uma, unidades muito pequenas, quando nós temos um processo otimizado no outro lado.
Portanto, o custo benefício não era vantajoso para nós. Então nós decidimos focar-nos em plataformas de venda online B2B que também existem, ou seja, marketplaces B2B e a nossa própria loja online e depois o nosso B2B mais manual, que é aquele que nós fazemos diretamente de envios para clientes nossos, para farmácias, etc.
SC: Ou seja, uma das principais vantagens de estarmos no marketplace, se calhar é não termos a preocupação com a tecnologia, porque a tecnologia é do Marketplace. Claro que existem os tais requisitos, existem todas as coisas que temos que fazer e temos na mesma, como estavas a dizer, de trabalhar o SEO, textos, imagens, fotografias. E tem tudo que obedecer então aos standards do marketplace. Mas como nós dizemos muitas vezes, isto é a ponta do icebergue.
Por isso, a ponta do icebergue está tratada, não temos que estar aqui preocupados com aspetos de tecnologia, mas depois começam todos os processos, toda a logística, os transportes e mesmo os processos internos, a faturação e tudo mais.
E onde é que nós estamos presentes? Vamos aqui divulgar-nos para investigarem e verem como é que nós fazemos.
VM: Em termos de B2B, estamos na Fairling, na Fair e na hora da Orderchamp. Depois temos em Portugal, temos a Worten. Ainda, mas eventualmente vamos abandonar. E depois temos a nossa fantástica loja online, shaecoshop.com, e temos muitos revendedores, inclusivamente revendedores online para quem gosta de comprar numa Pegada Verde, numa Loja do Zero e muitos outros, portanto, nós temos realmente que nos focar no negócio que nos faz sentido e para nós é este que faz sentido neste momento. Não quer dizer que daqui a um ano não seja completamente diferente.
SC: Sim, nós podemos escolher marketplaces que vão mais ao encontro de valores e de coisas que nós acreditamos. Existem também marketplaces de nicho. Ou seja, nós estamos aqui sempre focados nos gigantes, mas existem marketplaces mais pequenos, mais de nicho, mais dedicados a certos tipos de produtos e que para nós pode fazer sentido.
VM: Ao mesmo tempo, também depende do produto. Há produtos que vão ter lugar em determinados marketplaces e que vão efetivamente ter resultados de venda em certos marketplaces e há outros que não fazem tanto sentido e que não vão ter tanto lugar. Há produtos que podem não fazer sentido estar em nenhum marketplace. É importante perceber qual é que é o canal que faz sentido para os meus produtos e para os meus projetos.
Queria só relembrar que no dia 1 de setembro vamos fazer uma aula gratuita ao vivo. Se receber a nossa newsletter, preencha o questionário para nos dizer que temas gostaria de ver abordados. Durante duas horas, vamos ensinar tudo o que nós soubermos sobre os temas que vocês procurem explorar.
Até à próxima!