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Ecommerce à Quarta – Edição #15 – Os pontos-chave da ConfTSE 2022

Hoje temos mais um episódio dedicado à ConfTSE. Em jeito de resumo, trazemos os pontos-chaves e os melhores momentos da Conferência. A Vera fala-nos mais em detalhe da sua apresentação e partilha connosco a grande novidade.

Pode ver no Youtube ou ouvir no Soundcloud e Spotify

Sónia Costa (SC): Estamos de volta! Fizemos aqui uma semana de pausa, mas estamos perdoadas porque estivemos a trabalhar na nossa Conferência Tudo sobre eCommerce. Agora que já passou, já podemos respirar e é precisamente sobre isso que vos queremos falar hoje. Então, vamos fazer aqui só um pequenino apanhado de todos os temas e todos os oradores que passaram no palco da Conferência.

Tivemos a sorte de ter connosco o David Tomas, que é o CEO da Cyberclick, uma agência de marketing digital de Barcelona com mais 20 anos de experiência nesta área. Ele apresentou-nos como potenciar o nosso ecommerce com um feed de produtos. Foi uma apresentação muito interessante e foi logo o que abriu a manhã. Seguiu-se a Cláudia Santos, diretora de produto da Farfetch Platform Solutions, explicou-nos como é que a Farfetch se está a transformar na plataforma para a indústria do luxo.

Depois temos aqui o nosso primeiro coffee break e regressamos com o Gonçalo Guerreiro, o responsável de marketing e performance de aquisição de clientes da kencko. Ele falou sobre como voltar à base, ou seja, como anunciar num mundo muito cheio de utilizadores e centrado na privacidade. E fechamos aqui este painel com a Judit Takács Miranda, que veio do El Corte Inglés, falar-nos sobre como nós não conseguimos fingir o ROAS. Agora vou passar aqui uma apresentação muito importante à frente, mas já lá vou voltar.

Depois do almoço regressamos com o Ian Hammersly, CEO da SmarteBusiness e autor do livro Ultimate Guide to E-commerce Growth. Ele esteve-nos a falar exatamente sobre isto, sobre os KPI inesperados que nos ajudam a escalar uma loja online para mais de 10 milhões £. Continuamos a tarde com Marc Weindinger, ele veio da Schema M, da Alemanha, e esteve a falar sobre como a chave nas campanhas pagas em redes sociais em 2022 vai ser a testagem de criativos. Estas duas apresentações foram absolutamente incríveis.

Depois fechamos este painel com uma apresentação muito poderosa da Maria Nazarenko e da Natalia Koshova que vieram da Comfy, a quinta maior loja online da Ucrânia, e estiveram a falar sobre como é que se passa do covid para a guerra: quais foram as soluções que tiveram de ser encontradas por este ecommerce ucraniano. Aproveito para dizer que elas a seguir a esta intervenção deram uma entrevista ao jornal Eco, que já se encontra online. Vamos deixar aqui o link para que possam ler porque é muito interessante.

E fechamos o dia com duas cerejas no topo do bolo. Esta conferência incrível foi um bolo muito recheado de conteúdos. Foi o Nuno Mateus-Coelho, especialista em cibersegurança, ele falou dos desafios da cibersegurança no comércio eletrónico e posso-vos garantir que foi uma apresentação absolutamente incrível. Àquela hora, e com este tema, o Nuno conseguiu despertar as pessoas, cativá-las e até fazer-nos rir com a sua apresentação. Em termos de conteúdo, foi poderosíssima.

E fechamos com chave de ouro com o Camilo Coutinho, que veio do Brasil e ele agora mora aqui connosco. O Camilo esteve a falar-nos de vídeos para ecommerce, como vender mais pelo YouTube. Portanto, toda a gente que participou na Conferência teve a oportunidade de ver estes onze magníficos. E eu quero-vos dizer que devem ficar atentos às vossas comunicações porque vamos ao longo desta semana, muito em breve, enviar mais novidades sobre estes conteúdos que vocês visualizaram.

Uma das grandes novidades deste ano é que nós tivemos pela primeira vez a apresentação da nossa própria Vera Maia e ela falou-nos sobre a anatomia de uma loja online com mais de 1 milhão de euros de faturação. E porque é que nós estamos a trazer este tema novamente para o Ecommerce à quarta? Porque a Vera, ao longo destes dias, desde quinta-feira até hoje, teve muito feedback sobre esta apresentação e nós queríamos aproveitar este momento para abordar com mais detalhe alguns pontos que ficaram na mente dos nossos participantes.

Por isso, Vera, fala-nos um pouquinho sobre os comentários que foste recebendo à tua apresentação.

Vera Maia (VM): Então, foi muito interessante. Acho que realmente todos os oradores foram incríveis, foi um painel espetacular, mesmo com experiências completamente diferentes. Talvez aquilo que fez com que mais pessoas viessem ter comigo e dessem feedback sobre a minha apresentação foi porque se ajustou muito à realidade do que são os negócios portugueses e do que é o ecommerce em Portugal.

E porque é que isto aconteceu? Isto aconteceu porque nós, há uns meses, na TSE abrimos um questionário no LinkedIn e depois abrimos um questionário à nossa base de dados para compreender melhor o nosso mercado português em termos de ecommerce: quais eram as dificuldades e quais eram as ambições também e os objetivos destes negócios.

E, em primeiro lugar, uma das coisas que mais surpreendeu, eu penso que até surpreendeu toda a gente, foi o facto de que 55% das pessoas que responderam ao questionário que eu coloquei no LinkedIn disseram que têm visitas, mas que essas pessoas não compram. E a grande parte dessas lojas e dessas respostas também disseram que tinham menos de 60.000 € anuais de vendas. Portanto, claramente era uma das dores que as pessoas mais tinham é que estão a faturar menos de 5.000 € por mês na sua loja online. E claramente não vai ser um negócio rentável, se faturarem só 5.000 € por mês.

Percebemos que grande parte da nossa população, do nosso tecido empresarial em Portugal, que está a vender online, vende menos de 60.000 €. Então fomos depois à procura de saber um bocadinho mais sobre quais eram então estas dores e o que acontecia a estas empresas e quais eram os seus objetivos então para 2022 também. Grande parte das empresas que faturavam menos de 60.000 € diziam que o seu objetivo passou a ser faturar entre 60000 a 250000.

E realmente há aqui uma oportunidade que nós, enquanto país de produtores, estamos a perder, porque a verdade é que embora o nosso mercado seja pequeno, talvez seja um mercado em que temos de trabalhar mais internacionalização, mas ainda assim é um mercado com potencial e, portanto, nota-se que nós definimos objetivos por baixo. Nós não nos colocamos muito lá fora. Nós fazemos muito pouco a definição do objetivo, mesmo baixinho, sem grande ambição, provavelmente porque também queremos manter o investimento baixo, que é outro dos temas que aqui está também.

Claramente nós não temos a mentalidade que têm muitos negócios fora de Portugal, que o objetivo é crescer e escalarem rapidamente para números mais altos. Até porque uma grande percentagem diz que tem efetivamente vendas a nível internacional em Portugal, mais de 72% das pessoas que responderam ao questionário, no entanto, essa percentagem de vendas internacionais é menos de 10% da realidade do negócio. Portanto, claramente nós se nos mantivemos no nosso mercado, que é pequeno ainda, com pouco desempenho em termos de compras online, vamos realmente continuar a ter dificuldades em escalar os nossos negócios.

Acho que uma das coisas que mais tocou mesmo no público e nas pessoas que estavam a assistir e que também me deram esse feedback, foi o facto de compreenderem qual é a percentagem de investimento sobre vendas que os negócios em Portugal estão a fazer.

A verdade é que grande parte indica que é menos de 1% da faturação, pelo menos em 2021 foi menos de 1%, ou de 1 a 3% da faturação. Portanto, o que nós estamos a ver é que nos mercados internacionais, cada vez o investimento sobre vendas aumenta mais, porque o marketing digital está cada vez mais caro, por assim dizer. O investimento também diz respeito a retorno. Se nós continuarmos sempre a investir esta percentagem muito baixa, digamos 3 a 5%. Quando falamos de mercados como os Estados Unidos, eles estão a investir 20, 25% do seu objetivo de vendas. Se nós continuarmos em percentagens de investimento tão baixas, vai ser praticamente impossível nós escalar-mos os nossos negócios para ecommerce.

Portanto, nós temos que compreender que o crescimento é proporcional ao investimento que nós estamos dispostos a fazer. E se nós continuamos nesta relação de investimento muito baixo, nós não podemos esperar um retorno maior. Em 2022, grande parte das empresas já esperam aumentar ligeiramente o investimento, continuando na mesma uma percentagem elevada delas só entre um 1 e 3% da faturação de investimento sobre vendas, investimento em marketing sobre vendas. E muito poucas delas mesmo muito poucas, pretendem investir mais do que 10% da faturação.

Portanto, claramente vai ser impossível nós concorrermos nos mercados e nos mercados internacionais ainda mais, se nós não investirmos e se nós continuarmos esta estratégia de investir muito pouco nos nossos negócios. E além do investimento em termos de marketing digital, é também o investimento nas pessoas, nas equipas.

Relembrando ainda 2018 e relembrando a primeira edição da Conferência, eu lembro-me perfeitamente de colocarmos ao painel de oradores questões e uma das perguntas que surgiu foi se pudessem eleger uma coisa, o que é mais importante em ecommerce? Todos eles responderam a equipa. Não houve um único que não dissesse a equipa é o mais importante, a equipa é o que vai fazer o negócio crescer e que vai fazê-lo escalar. Portanto, vemos que as equipas são pequenas, vemos que o foco no investimento é reduzido e, portanto, se nós não mudarmos a nossa estratégia, vai ser impossível atingir o tal valor de 1 milhão €, que é aquilo que toda a gente fala ou pelo menos que é o primeiro marco histórico num negócio que quer atingir o primeiro milhão de euros.

Outra coisa interessante que também acabamos por ter de informação com base nas respostas que obtivemos é onde é que os negócios estão a investir em termos de marketing digital e vemos que há um grande investimento em Facebook, Instagram ads, portanto, nas redes sociais, principalmente Facebook e Instagram. E depois há um investimento muito mais reduzido em termos de SEO, em termos de Google ads.

Nota-se claramente que as equipas, que as empresas não estão a investir naqueles meios que podem trazer retorno no longo prazo, estão muito mais focados no curto prazo, no imediatismo e ainda por cima em canais que estão cada vez com custos maiores. Portanto, está na altura de nós não nos focarmos apenas no Facebook e no Instagram, mas nos focarmos noutros canais que conseguem ajudar-nos a fazer crescer o nosso negócio. E claro que não estamos a dizer que vai ser rápido, que vai ser imediato. Nós dizemos sempre que é uma maratona, nunca prometemos resultados imediatos. Realmente o que nós vemos é que os negócios estão muito focados no imediatismo, nas soluções imediatas e não no resultado no longo prazo.

Um tópico que se calhar provocou um bocadinho de dor na audiência foi uma pergunta que eu tinha, que tínhamos colocado também no questionário, que é o que considera ser a sua maior dificuldade em escalar o crescimento da sua loja online. E, portanto, havia várias opções entre eu não invisto o suficiente, eu tenho demasiada concorrência, a minha marca não é conhecida. Claramente tem a ver com a nossa dificuldade em compreender que o negócio online é feito de concorrência e o offline também, portanto, nós vamos ter sempre concorrentes. Nós não podemos achar que não vamos ter concorrentes, que vamos ser os únicos no mercado, que vamos ser os únicos a aparecer ao cliente. Não, isso nunca vai acontecer, porque nós podemos criar uma coisa hoje e amanhã aparecer outra do outro lado do mundo.

Nós próprios muitas vezes fazemos a engenharia inversa e vamos à procura de melhorar produtos que já lançaram e até serviços. Portanto, nós não podemos focar naquilo que são os problemas da concorrência ou do negócio no mercado, mas sim pensar o que é que nós podemos fazer para chegar mais longe. E a concorrência não pode ser a vossa maior objeção, porque a concorrência vai existir em todo o lado.

Portanto, nós temos que nos focar em criar efetivamente notoriedade de marca, que é uma das coisas que as pessoas falam. Falam muito da margem não ser suficiente, então, se a margem não é suficiente, é o momento de nós trabalharmos o nosso negócio para ter margem, trabalharmos os nossos produtos, trabalhando os nossos preços, a nossa oferta, para conseguirmos chegar a mais pessoas. E se não temos uma equipa dedicada, se esse é um problema, então nós temos que conseguir estruturar um plano de negócios que nos permita ter margem para investir na equipa e para fazer crescer o negócio.

Não é possível nós acharmos que vamos fazer crescer um negócio de ecommerce sem pessoas. E podem não ser pessoas diretamente ligadas à empresa, podem ser pessoas externas, mas nós temos que ter pessoas a atender clientes, a lidar uns com os outros, a trabalhar com fornecedores. Nós precisamos efetivamente muito de pessoas connosco. Nós temos que esquecer estas dificuldades que muitas vezes os negócios apresentam.

Em termos de dúvidas, as pessoas que trabalham nas empresas falam muito da questão do marketing, do marketing digital, que também foi uma surpresa, porque a verdade é que existe tanta formação em marketing digital, tanto conteúdo gratuito inclusivamente, que na verdade tem a ver muitas vezes, acho eu, com falta de dedicação das equipas, de tempo. Os negócios também não têm tempo para focar e dedicar-se realmente àquilo que precisam. E a falta de tempo, na verdade, é uma falta de definição do que é prioritário. Todos nós temos as mesmas 24 horas no dia, depois o que é prioritário para nós, é o que nós damos mais atenção.

Por exemplo, indo aqui a algumas apresentações dos nossos oradores, quando o Marc diz que é preciso testar, é preciso testar criativo, é preciso testar texto, é preciso testar imagens, tempos de vídeo, mensagens… Isto são coisas que demoram tempo, mas para nós termos o retorno do nosso investimento, nós temos que dedicar esse tempo. Não chega só colocar uma imagem e aquela imagem ser suficiente e rolar durante semanas. Notamos que há falta de dedicação muitas vezes, porque não há foco e não há orientação para aqueles resultados.

Em termos de apresentação sobre aquilo que são os resultados do questionário, basicamente foi isto que foi apresentado. De seguida, aquilo que apresentei foi então qual é que é a anatomia de uma loja online de 1 milhão €. O que é que ela precisa de ter para conseguir efetivamente atingir aquele primeiro milhão de euros.

Sónia, não sei se te parece bem até agora, se há alguma coisa que queiras acrescentar.

SC: Não, parece-me muito bem. Aliás, eu estava a ouvir e realmente vejo que isso são temas que nós falamos muitas vezes com os nossos clientes. Acho que tens toda a razão quando nós falamos em coisas que demoram muito tempo.

Por exemplo, a apresentação do Camilo, que se focou muito nos vídeos para o YouTube, ele diz uma coisa que eu sempre tentei pôr na cabeça dos nossos formandos, os nossos vídeos são vendedores perpétuos daquilo que nós fazemos. Quando nós fazemos um vídeo e ele está no YouTube, pode ser pesquisado daqui a cinco anos e está a vender para nós. Mas as pessoas não veem esse investimento rápido.

Por exemplo, fazer os vídeos todos do apoio ao cliente, que respondem a todas as perguntas e colocar no canal do YouTube. As pessoas perguntam “então, faço os vídeos e quantas vendas é que vou ter graças a isso?” E como não há aqui uma resposta imediata, as pessoas não querem investir nessas coisas que demoram tempo. E é pena, porque estas coisas que demoram tempo são as coisas que realmente nos vão fazer crescer mais.

Depois também a questão do foco do Facebook e Instagram ads. Porque é fácil, porque qualquer pessoa consegue carregar no botão promover a publicação. Mas isso não é uma verdadeira estratégia de anúncio do Facebook e Instagram, é muito mais complexo do que isso. Mas, lá está, como existem esses botões e é muito fácil carregar neles, as pessoas acabam por ir por aí.

E depois uma coisa super importante que tu disseste em relação à concorrência, também me parece que muitas pessoas acham que não têm concorrentes. Depois isso faz com que quando nós tentamos sacar delas a sua proposta única de valor, o que as distingue, elas também não sabem muito bem, porque na sua cabeça, como não concorrem com ninguém, também não têm grande coisa a dizer sobre o que as distingue. E nós também trabalhamos muito isso com os nossos clientes, porque são coisas de facto muito importantes e por isso, Vera, compreendo as pessoas que se sentiram dorida depois da apresentação.

VM: Doeu um bocadinho. Ainda bem que a seguir foram almoçar. Quem ficou em casa, não sabe o que perdeu…

Vou continuar aqui entrando então no que é a anatomia de uma loja online que fatura mais de 1 milhão €. Então, se nós dividirmos 1 milhão € por vendas a 100 €, por exemplo, dá cerca de 10.000 vendas num ano. O que significa 833 vendas por mês, o que significa 37,8 de vendas por dia, se dividirmos por 22 dias que é normalmente o número de dias que trabalhamos por por mês.

Portanto, 38 vendas/dia não é assim um número que nós vamos dizer que parece enorme e que parece que vou precisar de uma logística e produção enorme. Pensamos que provavelmente conseguimos preparar 38 encomendas por dia. A verdade é que preparar encomendas é uma coisa e agora outra coisa é nós termos a fatura média, porque aqui nos obriga a ter faturas médias a 100 € e é cada vez mais difícil nós termos um negócio rentável se a fatura média não for no mínimo 50 €.

Portanto, o nosso objetivo deve ser sempre aumentar esta fatura média, porque vai ser difícil nós escalarmos o negócio se nós não tivermos investimento em marketing, se nós não tivermos equipa. E as tais 38 vendas/dia, quando nós dizemos isto ao dono de um negócio, ele sente que é um número fazível. Quase todas as empresas nos dizem o mesmo. O problema é depois então como é que nós conseguimos efetivamente ter estas vendas.

É preciso um líder, é preciso um gestor de ecommerce que seja o líder da equipa, que defina a visão de negócio, que partilha com a equipa essa visão e que está a liderar um negócio. Não é só uma plataforma. Há muita gente que olha para o ecommerce como é só uma loja online, é só uma plataforma. Não. É um negócio e tem que ser visto dessa forma.

O negócio precisa de estrutura, precisa de investimento, precisa de stocks e pessoas e estratégia acima de tudo. Implementar, medir, testar, repetir e não desistir logo à primeira dificuldade, porque é isso que acontece muitas vezes. Nós vemos muitas empresas e muitos negócios a desistirem rapidamente, porque provavelmente não é no primeiro ano que vão atingir logo os resultados que pretendiam e, portanto, nós temos que trabalhar muito bem esta questão da estratégia de testar, medir, implementar, repetir.

Depois há outra questão muito importante que é sistematizar. Tem que haver processos e sistemas que permitam que o crescimento aconteça com base em processos e sistemas mensuráveis e escaláveis. Tenho que estar constantemente a medir aquilo que fiz, a perceber se funciona ou não e se consigo novamente escalar o negócio. E tenho que libertar-me também para conseguir fazer isso, porque muitas vezes os negócios de ecommerce têm um líder que pode ser um líder forte, mas é um líder que não pode estar a lidar com temas operacionais, tem que se substituir, tem que se passar para outra pessoa esse conhecimento, essa tarefa, essa ação, para que se consiga realmente fazer crescer o negócio.

E nós precisamos de uma oferta boa. Quando digo uma oferta, não é só o produto. Qual é que é a mensagem, qual é a minha proposta única de valor, o que faz com que o meu cliente queira efetivamente testar o meu produto e experimentar. Porque depois tenho que ter sistemas que façam com que ele compre várias vezes e que seja repetida a sua compra. Mas a primeira vez, a minha oferta tem que ser infalível. Tem que ter uma qualidade incrível, tem que ter uma entrega que seja de acordo com a expectativa do cliente, tem que ter uma mensagem que me faça querer experimentar e comprar aquele produto pela primeira vez.

Depois temos os canais de marketing que vão criar o tráfico, vão fazer com que o tráfico entre dentro na loja e seja qualificado que faça com que o cliente se mantenha dentro da loja, se registe na nossa newsletter, depois receba os nossos emails. Portanto, o marketing não é apenas trazer para dentro da loja, mas também é tudo o que acontece em termos de comunicação ao cliente durante e pós-venda.

E depois temos a equipa que, sem dúvida, como eu já disse, é fundamental para um negócio crescer. Não é possível crescer sem equipa. É importante nós garantirmos que temos a equipa certa do nosso lado para nós não entrarmos em burnout e para fazermos com que o negócio seja escalável. Se nós trabalharmos em grupo, trabalharmos em equipa, vamos realmente conseguir fazer crescer o negócio.

E o que significa escalar uma loja online? Porque sempre que falamos em 1 milhão estamos muitas vezes a dizer ok, como é que eu vou escalar uma loja? Como é que eu vou chegar mais longe com a minha loja? Como é que eu vou fazer com que a loja chegue ao próximo patamar? Então, deixo-vos aqui alguns tópicos que foram aqueles que eu apresentei também na nossa Conferência.

Escalar significa recrutar, formar, gerir uma equipa; criar sistemas e processos que sejam repetíveis, que me permitam crescer individualmente e em equipa, com metas e com métricas, as quais eu vou medir constantemente e vou criar regras para conseguir chegar mais longe através da medição também.

Muitas vezes significa também investir em canais que não sejam apenas a minha loja online. Eu posso ter que ir para retalho, como nós também já vamos com a Shaeco, eu posso ter que ir para mercados internacionais com marketplaces, eu posso ter que diversificar os meus canais para conseguir chegar a mais a mais clientes. E isso é normalíssimo, mas isso são novos projetos dentro da minha empresa e não posso achar que a minha equipa, que hoje faz, por exemplo, meio milhão de euros ou 250.000 €, vai conseguir chegar ao patamar seguinte sem reforços, sem foco ou sem estratégia.

Não é só pôr dinheiro. Até nós já cometemos esse erro. Muitas vezes nós temos que mudar a estratégia, porque o que nos fez chegar aos primeiros 250.000 não vai ser o que nos vai fazer chegar a um milhão. Eu tenho que medir, testar, modificar, criar os tais processos repetíveis e escaláveis e implementar sistemas também, que é outra das questões.

Muitos negócios não suportam o crescimento em tecnologia, suportam o crescimento única e exclusivamente em pessoas. Embora as pessoas sejam muito importantes e devem acrescentar muito valor no atendimento ao cliente, na gestão do negócio em si, naquilo que é possível substituir uma pessoa por um sistema, seja ao emitir faturas, seja emitir cartas de porte e a gerir stocks, nós devemos colocar as pessoas no sítio certo e os sistemas também no sítio certo. Portanto, nós vamos precisar de tecnologia, vamos precisar também de outras coisas que nós já falamos aqui nos nossos episódios de Ecommerce à quarta, como produção de conteúdos, campanhas de marketing digital, investimento na notoriedade da marca…

Nós vamos chegar a mais pessoas, quanto maior a nossa notoriedade. Temos que escalar e abrir para canais e que vai demorar mais tempo, como os vídeos do YouTube, vamos ter que trabalhar mais a notoriedade e mais um caminho mais lento, mas que nos vai fazer chegar mais longe.

Desenvolver novos produtos ou adicionar produtos à nossa oferta. É muito difícil sermos um mono produto, uma única referência ou duas referências, e conseguirmos escalar esta dimensão, porque para isso temos de garantir que o cliente compra mesmo muito de forma repetida. Se nós temos um produto que seja de longa durabilidade, como é o caso dos nossos produtos sólidos, nós precisamos de encontrar mais oferta, colocar mais produtos, desenvolver outras coisas ou ir ao mercado buscar outras coisas para conseguirmos aumentar a oferta e chegarmos a mais pessoas. Pensar sempre na estratégia de long tail, portanto, quanto mais variedade eu tiver, quanto mais oferta eu tiver, eu vou poder servir mais vezes o meu cliente

E focar no serviço de apoio ao cliente. Normalmente a equipa cresce mais rápido principalmente se trabalharmos em projetos de internacionalização. Porque internacionalizar não é só produzir uma loja, é atender clientes em outras línguas, gerir métodos de pagamento diferentes, gerir transportes diferentes e gerir uma estratégia noutros canais e noutros mercados. Portanto, muitas vezes nós precisamos que o nosso serviço de apoio a clientes esteja super preparado para fazer crescer o nosso negócio.

E, por fim, aquilo que nós temos que nos focar é que há três formas de nós fazemos crescer o nosso negócio, seja ele qual for. Só existem três formas: ou eu aumento o número de clientes que eu tenho na minha loja e vende mais a mais pessoas, ou eu aumento a minha fatura média, ou seja, cada cliente compra mais e por ele comprar mais eu consigo aumentar o meu volume de vendas, ou eu aumento a minha taxa de conversão, ou seja, eu consigo ter o mesmo volume de visitas, mas mais vendas.

Isto tem a ver com estratégia e, portanto, eu tenho que compreender que se eu não percebo os detalhes do meu negócio, se eu não percebo os detalhes do negócio online, do negócio de ecommerce, eu simplesmente não vou conseguir escalar até 1 milhão €, que é infelizmente a realidade de muitos dos nossos negócios em Portugal.

SC: É mesmo isso. A mim é muito particular a questão também da equipa, ou ser especializada nestas diferentes áreas ou pelo menos ter oportunidade de se formar e de aprender. O que nós observamos também em muitas lojas online com as quais lidamos é que as pessoas que acabam por fazer as coisas, acabam por fazer porque vão fazendo.

Então, acabam por ir se tornando as responsáveis. Acabam por estar à frente da loja online quando não dominam esses temas todos que referiste, mas que foi acontecendo porque a pessoa foi agarrando a oportunidade e o projeto. O que está certo e bem, mas precisa então, o mais rapidamente possível, de se formar. Porque depois existem algumas decisões que são tomadas porque a pessoa faz o melhor que pode, mas que depois vão impedir este crescimento. Seja parceiros, tecnologia, etc.

A parte boa de nós termos um negócio online é que não vendemos só na nossa rua, podemos vender no nosso país, na Europa, podemos vender no mundo todo, mas isso faz com que os nossos concorrentes também possam estar em qualquer lado do mundo. Temos que estar atentos. É muito importante nós percebermos onde é que nós não dominamos tão bem as matérias e tratarmos de aprender, porque se nós não dominamos, podemos sempre passar a dominar

VM: Claro que sim. E, no final desta apresentação, eu apresentei aquilo que é o nosso programa de mentoria, uma mentoria para negócios de ecommerce, a acontecer de julho a outubro deste ano. Portanto, são conteúdos semanais a trabalhar em equipa, em grupo, é uma mentoria do grupo.

Para quem quiser saber mais, o que eu aconselho é seguirem o link mentoria.tsecommerce.com, onde se podem inscrever. E ter uma conversa comigo primeiro para percebermos se faz sentido, se vocês estão no momento certo para ter esta mentoria, porque o mais importante é nós termos aqui um grupo de pessoas que vão escalar o seu negócio até ao primeiro milhão de euros, o seu ou o negócio onde trabalham até ao primeiro milhão de euros de faturação nos próximos 12 meses.

É este o compromisso que vamos assumir com esta mentoria, mas também é importante que as pessoas estejam preparadas para isso, que as equipas estejam preparadas para isso e, portanto, marquem uma conversa comigo na agenda, ela está disponível online. Conversamos, eu apresento-vos a mentoria, apresento-vos tudo aquilo que vão ser os tópicos que vamos trabalhar durante quatro meses, terminando com um evento presencial. Vamos ter também convidados durante estes meses para falar sobre aquilo que é a experiência deles em fazer crescer um negócio de ecommerce. Portanto, vai ser aqui um programa muito interessante para nós trabalharmos todos em conjunto.

SC: E uma oportunidade imperdível. Portanto, não percam este comboio, porque depois uma nova mentoria, só no próximo ano.

VM: Sim, e é limitada a 20 participantes com candidatura prévia. Portanto, vamos mesmo focar em ter aqui as pessoas que precisam efetivamente de fazer este programa, garantir que temos um grupo de pessoas que está preparada também para este novo patamar. Até porque nós já trabalhamos em ecommerce há muitos anos, já vimos muitos negócios a subir e a escalar, mas há negócios que não estão preparados para. Então é preferível termos uma conversa e vermos o ponto de situação neste momento.

SC: Exatamente. Não percam a oportunidade de serem um dos nossos 20 mentorados. A vantagem de ser em grupo é que vamos poder aqui partilhar uns com os outros.

VM: Exatamente, todos vamos partilhar. Vamos ter hot seats que, na minha opinião, uma das coisas mais importantes destes grupos é nós podermos expor dificuldades que temos ao grupo e o grupo, em conjunto, participar.

SC: Sim, isso é ótimo. Acho que terminamos aqui com muito conteúdo. Portanto, resumindo, a nossa Conferência, os nossos oradores foram absolutamente extraordinários. Nós vamos deixar aqui o link para vocês lerem a entrevista que as nossas oradoras da Comfy deram ao jornal ECO.

E também todos os participantes da Conferência, fiquem atentos às nossas comunicações, porque vamos enviar-vos mais informação sobre os conteúdos da Conferência. Portanto, não deixem de abrir os nossos emails. E ainda a nossa mentoria que vai começar de julho e vai durar até outubro. Estas datas não são ao acaso, vamos ter depois Black Friday, Holiday Season, etc. Vamos trabalhar para o que final deste ano consiga ser realmente ótimo para os vossos negócios online.

Até para a semana!